tag:blogger.com,1999:blog-82904545574693326202024-03-04T22:26:24.350-08:00meu nome não é Níh;palavras perdidas. sozinhas. queridas.
palavras minhas, e só minhas.
palavras para serem lidas, não descritas. palavras, e palavras apenas.
-meu nome não é Níh;Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.comBlogger24125tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-1130264697387327162010-05-27T20:18:00.000-07:002010-05-27T20:23:11.287-07:00Tudo que começa, termina...<div style="text-align: justify;">E ai começa de novo!<br /><br />Ha muito tempo eu não apareço por aqui, e estou aparecendo neste momento para anunciar que este blog será desativado. Mas não, não desaparecerei no universo dos blogs.<br />Na verdade, eu criei um novo. O <a href="http://niniveleikis.blogspot.com">Nínive Leikis</a>, o que faz muito sentido (pelo menos eu acho.)<br />Lá eu coloquei um post inicial, explicando o motivo da mudança, e espero que aqueles que me acompanhavam aqui, passem a me acompanhar lá também.<br /><br />Obrigada pelo apoio, e eu agradeceria se continuassem fazendo-o.<br /><br /><div style="text-align: right;">Meu nome não é Níh; é <a href="http://niniveleikis.blogspot.com">Nínive Leikis.</a><br /></div></div>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-38806836711888978042010-05-04T14:32:00.000-07:002010-05-04T14:46:07.498-07:00O Baronato de Shoah<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8s54nB8oPavzR41jhARNIWdhwxuoao5o61X82xZp5jnHQ1W3k8Ecxewgsu2iPn0c6-zWZfRrcKdV8jN6TQGIr9NsTIi8KmYFt6IZY-PsrBb2CtkRQfM6WbTKSQDax0eT8iqcvTFEj-qfj/s1600/shoah_1280wide_B-1.jpg"><img style="display: block; margin: 0px auto 10px; text-align: center; cursor: pointer; width: 400px; height: 250px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8s54nB8oPavzR41jhARNIWdhwxuoao5o61X82xZp5jnHQ1W3k8Ecxewgsu2iPn0c6-zWZfRrcKdV8jN6TQGIr9NsTIi8KmYFt6IZY-PsrBb2CtkRQfM6WbTKSQDax0eT8iqcvTFEj-qfj/s400/shoah_1280wide_B-1.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5467533437975019170" border="0" /></a><br /><br /><div style="text-align: justify;"><span style="font-weight: bold;">Orelha do livro (frente)</span><br />O romance de estréia de José Roberto Vieira é uma fantástica aventura em um mundo sombrio que remete ao Steampunk, videogames, animações e RPG, onde passado, presente e futuro se encontram numa fórmula emocionante.<br />Considerado o primeiro romance Steampunk nacional, o livro está em suas últimas revisões e pronto para sair da fornalha! Ou das prensas, como preferir…<br /><br /><span style="font-weight: bold;">Verso do livro (onde nós costumamos ir procurar do que se trata)</span><br />Sehn Hadjakkis é um Mashiyrra, um Escolhido. Desde seu nascimento ele foi eleito para ser um soldado da Kabalah, a elite do exército e liderar as forças do Quinto Império contra seus inimigos, os Legisladores.<br />Depois de quatro anos de lutas, mortes, e traições, Sehn finalmente tem a chance de voltar para casa e cumprir uma promessa feita ainda na infância: se casar com seu primeiro e verdadeiro amor, Maya Hawthorn.<br />Entretanto, a única coisa que o impede é outra promessa, feita no leito de morte a seus pais: vingar-se de Edgar Crow, um amigo que traiu sua família e destruiu seus sonhos, transformando a vida de Sehn num verdadeiro inferno e o mundo em que vive um pesadelo.<br />Quando um Golpe de Estado ameaça tudo aquilo em que Sehn acredita, ele se vê obrigado a escolher entre uma destas promessas para salvar seu mundo ou a mulher que ama.<br />Se fizer a escolha errada, ele pode destruir a ambos.<br />Ou a si mesmo.<br /><br /><span style="font-weight: bold;">O autor (orelha de trás, sempre trás uma foto bacanuda e um texto que se encontra logo abaixo)</span><br />José Roberto Vieira foi uma idéia que quase deu errado. Encrenqueiro quando criança, afeto a péssimas companhias, relaxado, detestava ler. Até que, por acaso, teve contato com RPG e Literatura. Isso salvou sua vida. Sério.<br />Tem contos publicados no Anno Domini: Manuscritos Medievais (Editora Andross, 208), e na antologia Pacto de Monstros (Editora Multifoco, 2009). Foi coordenador do blog “Nexus RPG” e criou os RPGs Éride e Taenarum, distribuídos gratuitamente pela internet.<br />Atualmente trabalha como revisor e ghost- writer e dá os toques finais em sua primeira obra lançada fora do mundo virtual, o Baronato de Shoah, a ser publicada pela Editora Draco.<br />Conheça mais a obra em <a href="http://www.baronatodeshoah.blogspot.com">http://www.baronatodeshoah.blogspot.com</a> ou em <a href="http://www.editoradraco.com.br">www.editoradraco.com.br</a><br /><br />ps.: a possível disposição dos textos no livro foram inventados por mim, não sei se vai ser assim. xD<br /></div><br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Faz um tempo que não apareço por aqui, e quando apareço é para prestigiar a obra de um grande escritor que esta para ser publicado, e não publicar um texto meu. A justificativa é que o cursinho e a prepaação para o vestibular toma a maior parte do meu tempo, encontrei um minutinho para prestigiar o José Vieira, mas já estou de partida. Vou tentar, até o final da semana, colocar algum conto/alguma poesia/alguma crônica para vocês não se esquecerem de mim.<br /><br /><br /><br /><div style="text-align: left;">Meu nome não é Níh; é Nínive Leikis.<br /></div></div>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-74315992097985042902010-02-21T20:55:00.000-08:002010-02-21T20:59:50.775-08:00Princesas, Rainhas e Margaridas<div style="text-align: justify;">Aquela criança era por demais diminuta para que pudesse alcançar a maçaneta trabalhada. Mesmo que grande para sua pouca idade, era necessário ficar nas pontas dos pés calçados em sapatos de verniz para que as pontas de seus dedos sem calos, bolhas ou cortes, roçassem o bronze frio. O portão da garagem se erguia, e enquanto um motor desligava, outros pneus ainda giravam sobre o piso, escondendo-se dentro da casa. Portas sendo abertas e fechadas, e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">risadas</span> altas, mas falsas. Chaves tilintando na mãos de mais de uma pessoa, e trocas de responsabilidade. Os meninos gritavam alto, sem empurrando e se batendo, enquanto a única menina ainda tentava alcançar a única maneira que conhecia para abrir portas. Quando uma mão tocava o topo de sua cabeça quente, ela sabia que, finalmente, teria seu caminho desobstruído. A chave se encaixava da fechadura, e a peça metálica era girada, depois disto ela sabia o que fazer.<br />Empurrava com toda a sua força diminuta o enorme pedaço de madeira chamado porta, e se lançava pelo caminho de pedras róseas, ignorando seu destino, com olhos apenas para os arredores. Diferente dos adultos, ela não se importava se suas roupas eram caras ou não, ou se iria ficar suja e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">bagunçada</span>. A menina de menos de um metro, vestida com o mais belo e branco traje que sua avó havia sido capaz de encontrar para criança tão jovem, jogava-se entre os arbustos de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">margaridas</span> como se estivesse de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">maiô</span>, diante de uma piscina. Acomodava-se na grama fofa e fazia dali seu castelo. Enquanto os garotos passavam correndo e gritando e batendo uns nos outros, ela estava segura entre as flores plantadas pelas mãos com reumatismo da mãe de seu pai.<br />Eram mãos pequenas na opinião de um adulto, mas gigantescas para seus colegas de idade, e, naquele momento, estavam ocupada segurando flores de maneira errada, puxando-as não pelos caules, mas pelos topos. Muitas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">margaridas</span> eram assassinadas de uma maneira que provavelmente não mereciam. Mas depois de muitos sacrifícios, a <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_5">criança</span> entendia como devia prosseguir com suas intenções. Com flores inteiras e caules compridos, ela formava uma coroa desajeitada e quase demolida, mas que seria a mais bela de todas, pois seria a sua coroa em seu próprio reino. Em sua cabeça, era mais linda ainda. As pétalas brancas caiam nos fios com cachos longos, e ficava entrelaçadas ali. A franja estava amarela de <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_6">pólen</span>, assim como o vestido branco.<br />Se ergueu em seu reino, e correu pela grama até chegar nas pedras rosadas e ultrapassar os pássaros verdes e aprisionados, chegando até onde estava sua mãe e as demais. Sorria, orgulhosa de si mesma. Sua tia e sua avó gritaram, horrorizadas, com o estado do vestido, mas a mãe sorriu. Sorriu e riu, pegando-a nos braços e se sujando também. Quando via o sorriso da mãe, e sentia-se segura em seus braços, ignorando as expressões de censura da tia e da avó, a menina que ainda era nova demais para entender muitas coisas sabia que era um princesa, pois sua mãe era uma rainha.<br /><br /><br /><br /><br />Depois de muitos anos que se passaram, e a menina, que agora era mulher, viu aquele jardim novamente não havia mais pétalas, nem caminho de pedras, nem passarinhos verdes. Havia uma porta trancada e outros carros na garagem, outras chaves e outros risos falsos. Não havia criança alguma tentando passar pela porta lateral, pois esta não existia mais, e as crianças estavam contidas pelos pulsos ao lado de suas mães, pais, tias, tios, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">avôs</span> e avós. Quando a mulher, que um dia fora uma menina, viu aquilo, pegou nos braços a nova menina, que um dia seria a nova mulher, e foi até um lugar onde houvessem arbustos, flores e grama para que ela estragasse o vestido caro.<br />Ela não se lembrava da conclusão que havia chego na cozinha há muitos e muitos anos, e tampouco sabia a sua menina. E, sabia muito menos que, quando a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">garotinha</span> surgiu da natureza verde, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">marrom</span> de grama e colorida de pétalas, e foi recebida por braços abertos e sorrisos e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">risadas</span> ela também decidira que era uma princesa, pois sua mãe era uma rainha.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: right;">Estou preparando uma grande surpresa, uma das boas, mas, infelizmente, a burocracia afoga as <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_11">idéias</span>, ou pelo menos às atrasa. Portanto, peço (ou imploro) por paciência. Dentro em pouco poderia lhes dizer qual a novidade. Enquanto isto, ofereço-lhes pequenos contos, espero que gostem.<br />A opinião de vocês é sempre importante, portanto, comentem!!<br />Saudações<br /><br /><br /><br /><br /><br /><div style="text-align: left;">-Meu nome não é <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_12">Níh</span>;<br /></div></div></div>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-26801806983979115832010-02-01T19:15:00.000-08:002010-02-01T19:17:57.339-08:00Sala escura, amarrados e cagados<p style="text-align: justify;margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; line-height: 15px; font: normal normal normal 12px/normal Helvetica; ">Aquilo foi uma merda. Se me permitem o palavreado, foi uma merda muito bem cagada. Tive a sensação de que alguém houvesse defecado na minha cabeça, mas no começo a coisa era dura feito pedra. Conforme o tempo passava, ela amolecia e começava a escorrer pela minha cabeça até os ombros. Me sentia fedida e imunda até a alma. Sabia que aquilo ia cair nos meus olhos e na minha boca, mas as mãos estavam amarradas e eu não conseguia tirar aquilo, mesmo balançando a cabeça, continuava a escorrer quente e <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_0">vagaroso</span>.</p> <p style="text-align: justify;margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; line-height: 15px; font: normal normal normal 12px/normal Helvetica; ">Poderia fechar meus olhos e a minha boca, mas aquilo fedia demais, e eu não mentiria para mim mesma que era cheiro de rosas. Desesperada, chorei um pouco, lavando aquela merda toda que tinha no meu rosto.</p> <p style="text-align: justify;margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; line-height: 15px; font: normal normal normal 12px/normal Helvetica; ">Mas ainda estava amarrada na cadeira, sentada em uma sala escura de costas para as outras pessoas que, como eu, estavam amarradas e cagadas.</p> <p style="text-align: justify;margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; line-height: 15px; font: normal normal normal 12px/normal Helvetica; ">Estávamos mudos, sem <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">compartilhar</span> nossas angústias, ignorantes aos sentimentos dos outros, mas eu sabia, e sabia que eles também sabiam, de que a situação deles era bem semelhante a minha.</p> <p style="text-align: justify;margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; line-height: 15px; font: normal normal normal 12px/normal Helvetica; ">Não combinamos aquilo, nem prometemos nada, mas sabíamos que quando um de nós se libertasse cortaria a corda dos outros e, finalmente, eu poderia tomar um banho.</p><p style="text-align: justify;margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; line-height: 15px; font: normal normal normal 12px/normal Helvetica; "><br /></p><p style="text-align: justify;margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; line-height: 15px; font: normal normal normal 12px/normal Helvetica; "><br /></p><p style="text-align: justify;margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; line-height: 15px; font: normal normal normal 12px/normal Helvetica; "><br /></p><p style="text-align: right;margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; line-height: 15px; font: normal normal normal 12px/normal Helvetica; ">Este é o segundo menor post da história deste blog. Ao mesmo tempo é um dos que mais contém significado. Parece uma história asquerosa e perturbada, mas tem algo escondido nas palavras chulas. Desculpe a ausência, mas estou preparando algo muito especial, e isto andou tomando o meu tempo. Dentro de poucos dias estarei anunciando o que é. Obrigada por ainda lerem o blog.</p><p style="text-align: right;margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; line-height: 15px; font: normal normal normal 12px/normal Helvetica; "><br /></p><p style="text-align: left;margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; line-height: 15px; font: normal normal normal 12px/normal Helvetica; ">Meu nome não é Níh;</p>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-45246432275890909862010-01-10T18:52:00.000-08:002010-01-12T13:56:12.426-08:00Desventuras de Tardes Tediosas - parte XI<p style="margin: 5.0px 0.0px 5.0px 0.0px; text-align: justify; font: 15.0px Times New Roman; color:#000033;">Dois baldes de madeira fundos se encheram da carne e das batatas mal digeridas que haviam sido ingeridas por Sarah. A menina estava suada e mais branca do que nunca, os lábios roxos e as olheiras maiores do que antes. Segurava as bordas do baldes com o dedos fracos e tremia, fraca e com frio. Os olhos castanhos estavam fixos no interior do balde, e aquilo apenas lhe causava mais ânsia. O odor que aquilo exalava, e a cor, que estava deixando de ser <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">marrom</span> com pedaços amarelos para se transformar em um líquido somente amarelo, ralo e ardido, deixavam-na <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">zonza</span>. Diamantina estava agachada ao seu lado, enxugando o suor da testa com um pano não muito limpo. Estava ali há três horas e não aguentava mais, largou as mãos do balde e deixou o corpo cair para trás, deitando na grama que cercava a carroça-casa da mais velha.</p> <p style="margin: 5.0px 0.0px 5.0px 0.0px; text-align: justify; font: 15.0px Times New Roman; color:#000033;">-Melhor? - ela perguntou, olhando-a de cima.</p> <p color="#000033" style="margin: 5.0px 0.0px 5.0px 0.0px; text-align: justify; font: 15.0px Times New Roman; ">Sarah olhou-a pelo canto do olho e assentiu, mais para <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">despreocupá</span>-la do que para informá-la da realidade. Ainda sentia o estômago instável e a cabeça pesada demais, mas algo lhe dizia que continuar a se queixar não ajudaria em nada. Diamantina se levantou e, pegando o balde cheio até mais da metade, caminhou até uma espécie de poço que havia junto a uma parede. Na verdade era um buraco feito na terra onde todo tipo de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">degeto</span> era despejado. O cheiro que vinha de lá carregado pela brisa amena daquele lugar era capaz de revirar o interior da menina, que evitava pensar a respeito disso. Seus olhos mel estavam voltados para o céu escuro acima dela, pequenas estrelas pontilhadas por todos os lados, formando constelações e signos como se alguém estivesse pintando-as naquele instante. Eram tantas, brilhantes e opacas, grandes e diminutas, que a garota, desacostumado com céus estrelados, se perdeu dentre elas, sem saber como voltar.</p> <p style="margin: 5.0px 0.0px 5.0px 0.0px; text-align: justify; font: 15.0px Times New Roman; color: #000033">-Levantando! - falou Diamantina, pegando-a pelos ombros e forçando-a a ficar em pé. - Ia te apresentar hoje, mas parece que não vai dar - falou, quase carregando-a para dentro da carroça. os pés de Sarah estavam fracos e se arrastavam pelo chão. - Descanse esta noite, amanhã teremos outra oportunidade.</p> <p style="margin: 5.0px 0.0px 5.0px 0.0px; text-align: justify; font: 15.0px Times New Roman; color: #000033">Havia uma rede estendida na parte de fora do quarto de Diamantina, mas a mulher a colocou na própria cama. Tirou-lhe a saia e a camisa, sem que a menina resistisse, a fraqueza ainda estava impregnada nos músculos. Sem muita <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">cerimônia</span> a fez vestir uma camisola verde musgo de mangas compridas e extremamente comprida. A estranha veste de dormir mal tocava o corpo roliço e jovem de Sarah, e lhe deu um ar infantilizado. Seus olhos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">semi</span>-cerrados viram Diamantina se <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_6">encher</span> de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">penduricalhos</span> de todos os tipos e formatos e encaminhar-se para fora, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">checando</span>-a uma última vez e sorrindo, já que a menina parecia ter adormecido.</p> <p style="margin: 5.0px 0.0px 5.0px 0.0px; text-align: justify; font: 15.0px Times New Roman; color: #000033">Estava cansada e sonolenta, e, portanto, não demorou para que embarcasse em um sono pesado, mas conflituoso.</p><p style="margin: 5.0px 0.0px 5.0px 0.0px; text-align: justify; font: 15.0px Times New Roman; color: #000033"><br /></p><p style="margin: 5.0px 0.0px 5.0px 0.0px; text-align: justify; font: 15.0px Times New Roman; color: #000033"><br /></p><p style="margin: 5.0px 0.0px 5.0px 0.0px; text-align: justify; font: 15.0px Times New Roman; color: #000033"><br /></p><p style="margin: 5.0px 0.0px 5.0px 0.0px; text-align: justify; font: 15.0px Times New Roman; color: #000033"><br /></p><p style="text-align: right;margin-top: 5px; margin-right: 0px; margin-bottom: 5px; margin-left: 0px; font: normal normal normal 15px/normal 'Times New Roman'; color: rgb(0, 0, 51); ">Estou aqui para pedir desculpas pela demora para postar algo novo. O ano virou e eu não atualizei o blog. Durante os dias da virada, admito que foi por pura farra da minha parte que me ausentei (eu viajei, portanto, não havia computador, tempo ou internet. ) No entanto, no dia 7 deste mês havia me proposto a atualizar o blog, mas algo realmente ruim aconteceu na minha família ( ninguém morreu, não se preocupem com isso ) e fiquei afastada do computador, além de estar incapaz de escrever. Mas hoje vim quebrar o jejum, e manter o ritmo. </p><p style="text-align: right;margin-top: 5px; margin-right: 0px; margin-bottom: 5px; margin-left: 0px; font: normal normal normal 15px/normal 'Times New Roman'; color: rgb(0, 0, 51); "><br /></p><p style="text-align: left;margin-top: 5px; margin-right: 0px; margin-bottom: 5px; margin-left: 0px; font: normal normal normal 15px/normal 'Times New Roman'; color: rgb(0, 0, 51); ">-Meu nome não é Níh;</p>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-19662158502600997922009-12-24T22:26:00.000-08:002009-12-25T18:00:15.986-08:00A primeira carta do Papai-Noel<p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Grinaldas (ou guirlandas, tanto faz o nome pelo qual se conheça) nas portas. A casinha do papai <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">noel</span> montada no <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">shopping</span>. A árvore de Natal no centro da cidade com todas as suas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">luzinhas</span> e seu espaço no telejornal da hora do almoço.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Estes detalhes impossíveis de ignorar anunciavam para a pequena Mary de que, sim, o Natal estava chegando.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">"E igual a todos os outros anos" ela pensou, vendo as crianças mais novas fazendo fila para sentar no colo do papai <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">noel</span> e fazer seus pedidos.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Quando Mary era mais nova, ela adorava o Natal. Era legal montar a árvore na sala e ver a mãe, a tia e a avó preparando as comidas para a ceia. Imitava fielmente <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">Cindy</span>-<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">Lou</span> Quem, colocando um prato com <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">cookies</span> caseiros e um copo de leite ao lado da árvore, para que o Papai <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">Noel</span> pudesse se alimentar antes de continuar com a difícil tarefa de distribuir presentes.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Aproveitava como ninguém a maratona de filmes na televisão, e sempre ficava com muita pena de Jack Esqueleto. "Ele só queria ajudar, mamãe! Mas o coitadinho fez tudo errado" lamuriava-se, abraçada à mãe que, muitas vezes, apenas ria por rir, já que não estava mais prestando atenção no filme que estava vendo pela centésima vez.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Na verdade, o maior <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">pesadelo</span> da mãe de Mary era a maratona dos ‘Fantasmas do Natal’. “Porquê <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">tantas</span> versões?” ela se <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">perguntava</span>, em agonia, mas nunca dizia nada. Mary sorria diante da televisão e os olhos brilhavam, empolgada. “Meu favorito é o fantasma do natal presente” ela dizia “ele é o mais malvado, mas eu gosto dele!”. Na verdade, Mary sempre gostava dos malvados...</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Nunca aceitava se sentar no colo daqueles papais-<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_11">noéis</span> estranhos parados nos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_12">shoppings</span>, com suas "duendes" ou "<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_13">mamães</span>-<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_14">noéis</span>" de saias curtas. "Aquele não é o papai <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_15">noel</span>, mamãe" explicava a menina, com uma eloqüência de gente grande "E eu tenho várias coisas que provam isso." A mãe sorria, e erguia a sobrancelha, intrigada "É mesmo? E que coisas são essas?". Mary costumava <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_17">inflar</span> o peito nessa hora, louca para mostrar com era inteligente e perspicaz "Ora essa, primeiro: o papai-<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_18">noel</span> não poderia estar aqui, ele esta no pólo norte, terminando de revisar a lista das crianças boas e das crianças más. Segundo: como ele estaria em todos os <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_19">shoppings</span> ao mesmo tempo? Terceiro: não precisamos ir pedir pessoalmente, basta escrever a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_20">cartinha</span> e deixá-la <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_21">embaixo</span> do travesseiro, que ele recebe ela e sabe <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_22">exatamente</span> o que te dar e, por último, e mais importante: a esposa do papai <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_23">noel</span> tem a idade dele, mamãe! Ele nunca se casaria com essas moças <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_24">magrelas</span> e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_25">novinhas</span>".</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Esse era o ponto que a mãe de Mary ria no meio do <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_26">shopping</span>, se ajoelhando no piso frio e abraçando a filha com orgulho, mesmo que ela não entendesse o porque de tanta euforia.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Foi quando seu primo mais velho berrou na véspera de Natal, enquanto ela deixava o prato de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_27">cookies</span> e o copo de leite ao lado da árvore, que ela era uma burra (e, veja bem, Mary se achava uma menina muito inteligente) por acreditar no papai-<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_28">noel</span>, que toda a alegria <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_29">natalina</span> começou a derreter como a neve faria se estivesse <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_30">embaixo</span> do sol escaldante que fazia na cidade. A coisa se tornou pior quando ela perguntou para os pais se o primo estava certo, e eles apenas conseguiram olhar um para o outro. Ela sabia o que aquele olhar significava (pois, apesar do que estava sentindo naquele momento, Mary era sim uma menina esperta e inteligente). Foi uma madrugada de Natal ao som de choros, berros, os primeiros palavrões daquela menina de seis anos e meio e um presente quebrado (o do primo de Mary, é claro. Ela fez questão de achá-lo no armário dos fundos e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_31">pisoteá</span>-lo na frente do menino.) Desde então, o Natal nunca mais foi o mesmo.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Tudo aquilo parecia ensolarado demais, fedido demais, repetitivo demais.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">"São as mesmas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_32">propagandas</span>, as mesmas roupas, os mesmos filmes" reclamava sentada no carro com ar-condicionado e vendo o mundo derretendo do lado de fora. Realmente, a não-tão-pequena Mary havia se enjoado de tudo aquilo. Exagerava um pouco, é claro, como qualquer pré-adolescente (ela gostava dos filmes repetitivos da sua infância que não havia partido há tanto tempo). "Eu odeio o Natal!" afirmava, sem nenhum remorso, quando chegava em casa depois de exaustivas compras em lojas cheias de filas e pessoas berrando.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Recebia os presentes com dois dias de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_33">antecedência</span>, e não montavam mais árvore de Natal. Costumava chegar bem perto da súplica para que não precisasse ir à ceia. Era detestável ser obrigada a ficar com tantas pessoas felizes (ou que pelo menos fingiam estar felizes, afinal: era natal...), preferia (sem sombra de dúvidas) se sentar no próprio quarto, ligar a televisão e ver os clássicos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_34">natalinos</span>. "Menos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_35">Rudolph</span>" pensava sozinha, mudando os canais "aquela rena com o nariz brilhante me irrita".</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Não que se irritasse pelo fato do nariz ser brilhante (afinal de contas, o cachorro de Jack Esqueleto, Zero, também tinha o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_36">nariz</span> brilhante - e ela havia colocado este nome em um de seus cachorros, sendo que o outro se chamava Max, por causa do <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_37">Grinch</span> ) mas aquela rena <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_38">alegrinha</span> que salvava o Natal tirava-lhe do sério. "Se ele fosse esperto e usasse um carro, ou faróis no trenó, pelo menos, não precisaria de uma rena mutante" e isso ela pensava desde antes do terrível incidente que envolvia lágrimas, gritos e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_39">rodinhas</span> despedaçadas.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">"A verdade é que ninguém precisa do Natal" pensou, na madrugada de Natal daquele ano, deitada na cama, encarando o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_40">teto</span>. "Ninguém precisa de Natal... Aliás, se não tivesse Natal seria muito melhor. Bem mais ecológico, menos consumista. Ninguém teria que ficar endividado por meses à fio por causa dessa celebração estúpida. Afinal, porque ganhamos presentes? O aniversário é de Jesus, não nosso" quem lhe forneceu o último argumento foi um amigo judeu, mas ele também não acreditava em Jesus, então ele simplesmente não gostava do Natal por isso. Mary nunca perguntou o que se celebrava no <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_41">Hanukah</span>, gostava de explicações sucintas, e o amigo-judeu-de-Mary não era bom em explicações sucintas.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Aquele pensamento <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_42">roundou</span> Mary por várias noites, até o Ano Novo. Essa festa sim ela gostava, e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_43">achava</span> lógica a comemoração. “É como um nascimento, o início de um novo ano” dizia logo depois dos fogos. “Ou como um velório” disse seu tio “a morte de um antigo”. Mary entortou a boca com o comentário do tio, e ignorou-o sem nenhuma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_45">cerimônia</span>. Sempre que ouvia algo que não achasse importante, ignorava ferozmente, tentando <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_46">deletar</span> a informação imposta de seu cérebro, para que o espaço fosse ocupado por algo útil.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Durante aquele ano, as coisas aconteceram como sempre. Houve a <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_47">Páscoa</span> (que também causava certos desconfortos em Mary, mas essa é outra história) e seus ovos e coelhinhos amarelos e saltitantes e tudo continuou como sempre. O dia das crianças (no qual ela não ganhava mais presentes, e aquilo lhe causava uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_48">averão</span> especial ao dia) com suas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_49">propagandas</span> entusiasmadas na televisão, o dia dos namorados (que não significava nada, porque ela era muito nova para ter um) com seus chocolates especiais e corações pendurados nas lojas, o dia das bruxas (a festividade favorita de Mary!) no qual tudo era roxo, preto e laranja, e haviam abóboras e fantasias para todos os lados. E então, para todos os lados, o tema era a pomba da paz e as roupas brancas para o ano novo. “Pularam o Natal!” ela pensou, abismada, olhando os <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_50">shoppings</span> sem casinha do papai <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_51">noel</span> e as portas sem grinaldas. “Esqueceram no Natal!” conclui, com um sorriso amplo nos lábios.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">E, novamente, Mary estava certa. Haviam esquecido do Natal. Ninguém parecia lembrar dele, naquele<span style="mso-spacerun:yes"> </span>ano não haveriam presentes (Mary ficou um pouco triste por causa disso) e também não haveria ceia forçada nem todas <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_52">aquelas</span> coisas incomodas que forçam agente a fazer no Natal (e isso compensou a falta de presentes).</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">O mês aconteceu como todos os outros, sem nenhuma mudança. Alguns parentes de outras cidades foram passar o final de semana na casa de Mary e de seus pais, e eles ficaram acordados até muito tarde, rindo. Ela brincou com as primas e os primos, e eles fizeram tanta <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_53">bagunça</span> que os pais de todos os eles lhes <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_54">deram</span> uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_55">bronca</span> monstruosa. Comeram bastante, como raramente comiam, e isso fez a maior parte sentir bastante sono. Dormiu deitada no colo da mãe, que estava sentada no sofá da sala, bebendo vinho e rindo de piadas antigas. A música e as vozes altas se arrastaram pela noite, e, uma a uma, as crianças caíram no sono. Algumas no sofá, algumas na cama, e o mais novo dos primos de Mary chegou a dormi no chão ao lado da mesa de jantar, enrolado em si mesmo como um cachorrinho.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Quando Mary acordou era cedo demais para que havia dormido tão tarde, e não estava mais na sala. Estava deitada na sua cama, com os primos que tinham se arranjado em colchões espalhados pelo chão. Espreguiçou-se com um sorriso amplo nos lábios de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_57">garotinha</span> e, o mais silenciosamente que pôde, passou pelos vãos entre os colchões para sair do quarto. A sala estava silenciosa, e até mesmo os ratos dormiam. Ela caminhou nas pontas dos pés até a sala, que ainda mostrava vestígios da noite anterior. Ao lado da varanda, havia uma pilha de caixas de papelão. Se aproximou <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_58">vagarosament</span>e, e notou que cada caixa tinha um nome escrito em uma letra antiquada.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Em uma das caixas, estava escrito o seu nome, e o coração disparou quando viu aquilo. Olhou para os lados, três vezes, antes de pegar a caixa e andar até o sofá com ela, apoiando-a entre as pernas no chão, e abrindo a tampa. Havia uma caixa menor e, no topo, uma carta.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Feliz manhã de Natal, pequena Mary</span></i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"> </span></i></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Espero que tenha se divertido durante esta madrugada, e espero que esteja feliz.</span></i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Eu sei que durante os últimos anos o Natal pareceu algo terrível, principalmente <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_59">porque todo</span> mundo sempre pareceu tão triste e angustiado nessa época do ano. Eu ouvi bem suas reclamações, e acho que você estava certa. Seria bom para as pessoas se não houvesse Natal, pelo menos não esse Natal que eles criaram, ainda porque roubaram a minha função, não é?</span></i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Como você me parece uma menina muito esperta, resolvi seguir o seu conselho e eliminei o Natal. O que achou? Me pareceu bastante divertido, ainda porque vi como você sorria adormecida no colo da sua mãe.</span></i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Mas, é claro que o Natal não deixou de existir, nem mesmo eu sou capaz de cancelar isso. Apenas apertei o botão <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_60">reset</span> (é assim que vocês jovens chamam, não é?) e comecei tudo do zero. Voltamos no tempo para a época que eu deixava presentes nas casas escondido, na calada da noite, e todos ficavam felizes na manhã seguinte.</span></i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">E eu já comecei! Acho que vai gostar do presente –apesar de não ter deixado nenhuma carta <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_61">embaixo</span> do travesseiro para que o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_62">Morfeus</span> fosse buscar para mim e eu saber o que você queria de presente – tem muito de você nele.</span></i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"> </span></i></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Beijos, e, novamente, tenha um Feliz Novo Natal.</span></i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"> </span></i></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">São Nicolau</span></i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"> </span></i></o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_63">Ps</span>.: sabia que essa é a primeira vez que eu escrevo uma carta?</span></i></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Mary estava <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_64">espantadíssima</span> com aquilo, e não largou a carta enquanto abria a caixa menor. Lá dentro havia apenas um <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_65">objeto</span> <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_66">retangular</span>, que ela pegou cuidadosamente. A capa era preta e dura, e devia ter pelo menos umas duzentas páginas ali. Um elástico grosso impedia-o de se abrir, e ela soltou-o com cuidado, sem largar a carta. As páginas amareladas tinham linhas pretas bem claras e nada escrito. Encaixado na lombada, havia uma caneta preta de escrita fina e macia.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Naquela manhã, sozinha na sala, Mary sorriu sozinha com <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_67">muitos</span> pensamentos na cabeça.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Ficou muito feliz pelo presente, e abraçou-o com força, amassando a carta que não largava de jeito nenhum.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Ficou muito feliz por ter ajudado <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_68">alguém</span> muito importante a fazer algo muito bom, e o seu sorriso aumento por isso.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">Se lembrou com clareza de uma frase antiga, mas substituiu seu nome sem nenhum remorso nela. ( “E o coraçãozinho da Mary cresceu três vezes naquele dia...”).</p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify">E, sim, ela era uma criança esperta e inteligente, muito mais inteligente do que seu primo mais velho que há anos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_69">at</span><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_70">rás</span> havia perdido um <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_71">caminhãozinho</span> de controle remoto.</p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;">Escrevi este conto afim de lembrar o que, para mim, é o verdadeiro Natal. Aquele momento em paz com as pessoas que você ama, sorrindo sem nenhuma obrigação de sorri, estando com alguém que você não é obrigado a estar. Aquele momento de abraçar o pedacinho de família especial que você tem, e festejar o simples fato de se estar juntos. Mesmo que esse Natal pareça distante e utópico, não custa acreditar. A imaginação é o que nos salva da loucura, não custa usá-la em momentos como estes.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;">Espero que todos tenham um Feliz Natal. Que sua ceia tenha sido melhor que a minha, e que o almoço de Natal seja maravilhoso, e, é claro, que possam sorrir com aqueles que gostam de te ver sorrir.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: left;">Meu nome não é Níh;</p>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-62927998861975090712009-12-20T19:22:00.000-08:002009-12-20T19:24:45.507-08:00Desventuras de Tardes Tediosas - parte X<p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:#000033">Sarah era uma típica adolescente pouco popular. Havia apenas duas saias em seu guarda roupa, saias esta que nunca usava e que haviam sido presentes de lojas distantes demais para que fosse trocá-las. Ao lado destas, estavam apenas dois vestidos, um para as viagens pouco aguardadas até a praia e outro que havia sido obrigada a usar em alguma festividade que não se lembrava qual era. Tampouco possuía muitas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">blusas</span> ou camisas, e <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_1">praticamente</span> repudiava decotes. Suas gavetas amarrotadas estavam cheias de camisetas um pouco largas com estampas interessantes. Usava sempre calças compridas e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">tênis</span>, e não era apenas por ter vergonha do próprio corpo, na verdade, Sarah gostava de se vestir daquele jeito.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:#000033">Portanto quando Diamantina lhe apareceu com uma saia comprida rodada e uma camisa preta que lhe caía pelo ombro apenas não gritou porque havia sido criada com boa educação. Haviam calças entre os pertences da mulher mais velhas, mas ela afirmava veementemente que nenhuma delas caberia naquele corpo estreito da menina. “Estreito?” pensou Sarah, incrédula, encarando os próprios <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">quadris</span> que já haviam lhe rendido dezenas de apelidos degradantes.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:#000033">Vestiu aquele conjunto detestável e sentiu, mais do que nunca, a falta de um bom espelho de corpo inteiro. Não havia sequer um pequeno de mão naquela maldita casa sobre rodas, imagine um que pudesse lhe dar um vislumbre de sua <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">pateticidade</span>. Mergulhada na ignorância, limpou os pés enregelados em um pano de baixa qualidade que a mulher lhe passou. Enquanto cuidava de sua higiene, mesmo que ainda fosse da opinião de que um verdadeiro banho teria mais apropriado, ela ouvia os passos de Diamantina pela carroça, e o som de coisas sendo abertas e fechadas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:#000033">-Coloque isso nos pés, nunca vi pés tão delicados – reclamava ela, entregando uma sandália artesanal – Incrível que não tenha se machucado na caminhada até aqui.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:#000033">Os pés de Sarah encaixaram quase que perfeitamente nos sapatos oferecidos, mas, mesmo assim, eles eram <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">incômodos</span>. A corda lhe raspava a pele e ameaçava abrir feridas, a sola era dura, feita de madeira. Não reclamou, supondo que aquilo seria melhor do que andar descalça. Ganhou argolas douradas para as orelhas, pulseiras de ouro e prata para os pulsos (“Finos! Finos demais! Tudo em você é fino, menina?”) e Diamantina tratou de tirar o grosso da água de seus cabelos, penteando-os com um pente esculpido em pedra.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:#000033">E era vestida desta maneira, sem ter coragem de olhar para seus espectadores, que Sarah sentiu as bochechas pálidas ruborizarem-se.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:#000033">-Esta apresentável, mas ainda não engana ninguém – declarou Diamantina, desviando a atenção que <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">Dimitri</span> estava oferecendo tão prontamente a nova aparência de Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:#000033">-Não, com certeza não, mas ninguém aqui esta <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">planejando</span> que ela seja vista – replicou ele, mostrando o sorriso de quem sabia demais.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:#000033">Diamantina balançou a cabeça, bufando. Desaprovava alguma coisa, e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">Hani</span> concordava com ela, mas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">Dimitri</span> <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_10">ignorou</span> a opinião dos dois, oferecendo a mão para ajudar Sarah a terminar de descer os curtos degraus. Ela apenas aceitou porque tinha que se preocupar em não pisar na saia comprida e cair.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:#000033">-Acho que agora só nos veremos amanhã, magricela – disse <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_11">Dimitri</span>.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:#000033">-Aleluia – falou Sarah, mostrando um careta que o fez rir baixinho.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:#000033">-<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_12">Ótimo</span>, que bom que ficou feliz. Vamos, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_13">Hani</span>, vamos deixar as mulheres sozinhas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:#000033">O par de cabelos escuros e peles morenas se despediu da garota e da senhora com toda a cortesia de um par de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_14">bandoleiros</span>, e se afastaram na <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_15">direção</span> da carroça do pai do mais velho. Sarah os partiu se afastar, sentido o frio ao seu redor se tornar mais rigoroso e triste.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:#000033">-Bem, agora só resta te fazer comer e te colocar para dormir.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-font-family: "Times New Roman";color:#000033">Sem perguntas ou notificações mais detalhadas, Diamantina a pegou pelo pulso <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_16">tilintante</span> de pulseiras e a puxou da <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_17">direção</span> de uma tenda verde-musgo a pouco mais de 10metros da casa da mais velha. Sarah sentiu o cheiro de assado feito com carne quase estragada e batatas, e se esforçou muito para esquecer aquela refeição.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;color:#000033;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;color:#000033;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;color:#000033;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;color:#000033;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;line-height: 19.2pt; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;color:#000033;">"<span class="Apple-style-span" style="color: rgb(0, 0, 0); font-family: Georgia, serif; line-height: normal; ">A fogueira ficou tímida, mas ele riu um riso amargo e sem gosto. As <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_19">portinholas</span> se trancaram de súbito, mas os dois se abraçaram casualmente. Uma noz se partiu naquele silêncio, e lábios secos se crisparam." - Lenços Vermelhos</span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;line-height: 19.2pt; "><span class="Apple-style-span" style="line-height: normal; "><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;line-height: 19.2pt; "><span class="Apple-style-span" style="line-height: normal;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;line-height: 19.2pt; "><span class="Apple-style-span" style="line-height: normal;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: left;line-height: 19.2pt; "><span class="Apple-style-span" style="line-height: normal;">-Meu nome não é <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_20">Níh</span>;</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT"><o:p></o:p></span></p>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-34024260523294116812009-12-07T18:47:00.000-08:002009-12-07T19:29:10.992-08:00Desventuras de Tardes Tediosas - Parte IX<p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;color:#000033;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:-webkit-xxx-large;"></span></span></p><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;color:#000033;"><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span class="Apple-style-span" style="font-size:-webkit-xxx-large;"></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Os olhos castanhos-mel de Sarah estavam arregalados enquanto ela tentava captar, de uma vez só, cada detalhe que havia para ser visto naquela casa, se é que aquilo podia ser realmente chamado de casa. No interior da carroça havia um <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">único comôdo</span> e nada mais, tampouco era um <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">comôdo</span> amplo, mas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">estava abarrotado</span> de móveis e pertences que davam uma sensação <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">de claustrofobia</span> para qualquer pessoa normal. A luz não conseguia entrar, pois nas janelas haviam cortinas de cores escuras, e aquilo, somado ao odor de incenso, pimenta e gatos apenas piorava o enjoo que nascia na base do estômago <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">semi</span>-vazio de Sarah e que, cuidadosamente, tentava alcançar a boca fechada numa expressão de desgosto.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">Dimitri</span> e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">Hani</span> haviam, confortavelmente, se acomodado, enquanto Sarah ainda encarava tudo aquilo surpresa.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">-Não fique parada no caminho,<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">branquinha</span>! – exclamou Diamantina, e Sarah sentiu algo macio e firme se chocar contra a sua cabeça enquanto a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">mulherempurrava</span>-a para o lado e ia para a extrema esquerda da “casa”.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Se fosse outra situação, Sarah teria se importado com a falta de polidez da senhora Diamantina, mas, como aquela era, obviamente, uma situação fora do comum, ela <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">sesatisfez</span> em ignorar a atitude da mulher mais velha e, com passos curtos (pois o local não lhe permitiria passos maiores) ela começou a explorar o ambiente. A porta pela qual haviam entrado estava bem próxima da parede limitante do lado esquerdo, mas isso não impediu a menina, completamente ensopada e enregelada, de caminha até ela, olhando desde o chão até o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">tetocom</span> uma expressão embasbacada.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Naquele canto havia uma pequena sequência de prateleiras com pouco mais de trinta centímetros de comprimento e um palmo de profundidade, vários <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_11">recipientes cilídricos</span> de algo como porcelana ou cerâmica estavam enfileirados e, quando a garota levantou uma das tampas de madeira polida percebeu que havia todo tipo de especiaria e temperos ali. Pimenta, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_12">orégano</span>, sal,<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_13">salsinha</span>, dentre outros. Abaixo uma pilha de pequenas toras de lenha bem cortada estavam empilhadas e seguras por uma corda feita a mão, que, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_14">momentâneamente</span>, chamou a atenção da garota.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Acima de tudo aquilo, pendurado pelo <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_15">teto</span>, haviam três <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_16">doninhaspenduradas</span> pelo pescoço, todas mortas, uma já sem pele e salgada. Aquela visão fez o estômago da garota embrulhar ainda mais, e ela recuou, enojada. Sem ver para onde ia, seu pé descalço bateu com força em um pequeno móvel de madeira com várias gavetas e ela deixou uma exclamação, e um palavrão, escapar pelos lábios juvenis. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_17">Hani</span> a olhou e conteve o riso, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_18">Dimitri mostrou</span> um <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_19">sorrisinho</span> que a desagradou e Diamantina balançou a cabeça, novamente como se visse algo com a qual discordava.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Sarah tinha certeza de que estava corada, mas tentou não pensar nisso, voltando a observar os bens empilhados ali dentro. Havia um sofá coberto por uma espécie de colcha colorida no qual <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_20">Dimitri</span> <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_21">eHani</span> estavam sentados, e, diante deles, atrapalhando de maneira incompensável a movimentação, uma mesa circular centraliza e, ainda dois <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_22">pufes</span> que se esparramavam pelo chão. Acima daquilo haviam bolsas feitas à mão, todas cheias dos mais diversos pertences. Diamantina guardava lenços, saias, colares e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_23">rubis</span> dentro daquelas bolsas, e Sarah descobriu isso ao pegar uma na mão para olhar o que tinha dentro e receber uma belíssima <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_24">bronca</span> da dona da casa.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Envergonhada, mas nem por isso inibida, Sarah recolocou a bolsa no lugar e passou entre o grupo de três no qual apenas uma pessoa falava, e falava muito e com as mãos.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">-Seu pai acha que eu sou <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_25">um brinquedinho</span>, só pode! Não é porque aconteceu uma vez que vai acontecer de novo! –dizia Diamantina, aparentemente revoltada com alguma coisa que Sarah desconhecia e, naquele momento, nem queria conhecer. Era curiosa, sim, mas preferia a curiosidade <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_26">automaticamente sanada</span>, do que aquele que exigia de sua parte foco e silêncio.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Portanto continuou caminhando <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_27">na direção</span> da outra parede e, para chegar ao final, ela teve que <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_28">passar por</span> uma cortina feita de uma dezena de fios cheios de uma centena de contas feitas de todo tipo de material. Quando empurrou os fios para passar, as contas se chocaram produzindo um som musical que atraiu a atenção momentânea do trio, especialmente dos rapazes, mas que foi quase completamente ignorado pela garota.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Aquela região um pouco separada devia ter a função de um quarto, pois havia uma cama, ou melhor, algo que parecia-se muito com uma cama ali. Não havia pernas nela, e a adolescente teria jurada que a quase tábua de madeira com um colchão remendado e colchas feitas à mão estava flutuando se não tivesse visto as correntes que prendiam-na na parede. Acima da <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_29">pseudo</span>-cama uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_30">coleção</span> de filtros-de-sonhos estava cuidadosamente pendurado, haviam vários de todas as cores, materiais e até mesmo formatos! Sarah os observou fascinada, pois sempre gostou muito <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_31">daquelesobjetos</span> vendidos em feiras <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_32">hippiesnas</span> praças de sua cidade, mas havia um especial, que ficava acima do travesseiro, que lhe chamou a atenção de maneira especial: era formado por três finas tiras de madeira que, entrelaçadas umas nas outras formavam um triângulo isóscele com uma das pontas para cima. Na base três penas estavam penduradas, acompanhadas de pequenas pedras opacas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_33">querefletiam</span> o olho castanho da menina.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Ainda sorrindo para a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_34">coleção</span> <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_35">deobjetos</span> <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_36">incomuns</span>, ela caminhou <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_37">atétrombar</span> novamente com um dos móveis mais baixo de Diamantina. Este se parecia bastante com o primeiro que lhe causara dor, ia até o seu quadril e abrigava <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_38">uma coleção</span> de cinco gavetas, todas com puxadores de bronze trabalhado. No alto dela havia uma lata redonda feita de um <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_39">metal grosso</span>, a tampa estava apoiada ao lado dela e algumas coisas vazavam para fora, como se <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_40">tentassem aproveitar</span> enquanto podiam respirar.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Os <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_41">objetos</span> lhe chamaram atenção, e ela esqueceu que estava no quarto de outra pessoa, que não era sequer sua amiga ou, realmente, conhecida. Era a conhecida de dois conhecidos seus, no máximo. Mas aquilo não conteve os dedos enrugados pelo frio e pela água de irem tocar no que não deveriam. Acima de tudo estava um lenço vermelho de pura seda, que, na verdade, ela descobriu não ser <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_42">exatamente</span> um simples lenço, era comprido demais para isso, e talvez largo demais também (quase tão largo quanto seus ombros!). Abaixo dele havia coisas que ela não entendia porque estavam ali. Um envelope dobrado ao meio, uma caixinha de madeira, um anel de ouro com uma gigantesca esmeralda polida e...</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Sarah aproximou a mão, tocando o metal claro que se destacava abaixo de tudo, e estava prestes a puxar a jóia, ou o que quer fosse, do fundo da caixa passos vieram na sua <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_43">direção</span> e as contas atrás dela se agitaram muito mais do que quando ela havia passado por ali.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">-E agora chega de conversa! –exclamou Diamantina, puxando Sarah pelo antebraço e soltando a mão dela da caixa, que fechou num estrondo ríspido –Você esta ensopada e provavelmente faminta! E isso eu não vou permitir! – Ela empurrou as contas para abrir caminho –Vocês dois: pra fora! Eu não quero saber de dois marmanjos no mesmo lugar que uma garota, mesmo que seja uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_44">branquela</span>, esta se trocando. Um, dois, três! Andem logo!</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">E Diamantina praticamente os expulsou à pontapés de sua casa minúscula cheia de móveis nos quais <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_45">Dimitri</span> e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_46">Hani</span> encontraram obstáculos para sair dali com rapidez suficiente. Quando a porta se fechou atrás dos dois, a mulher de seios avantajados demais olhou para a menina e a estudou por dois minutos.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">-Bem, acho que vou ter que desenterrar algumas roupas para caberem em você...</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_47">Dimitri</span> e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_48">Hani</span> estavam <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_49">embaixo</span> do toldo diante da carroça-casa esperando que Diamantina lhes permitisse voltar para dentro.<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_50">Dimitri</span> encostara-se na parede de madeira da carroça, observando o vai e vem de pessoas que sorriam para ele e o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_51">cumprimentavam amistosas</span>. Uma bola feita do couro de algum animal, provavelmente um porco ou um javali, girou até seus pés e ele cuidou de pegá-la e jogar de volta para a roda de meninos que havia se formado no meio do lamaçal. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_52">Hani</span>, que estava ao seu lado, encarando o filtro-de-sonhos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_53">tridimensional</span> que Diamantina havia <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_54">confeccionado</span>, não recebia a mesma atenção. Ninguém o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_55">cumprimentava</span> e nenhuma bola desgovernada ia <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_56">na direção</span> de seus pés, mas, aparentemente, o rapaz ignorava o fato de ser ignorado, e continuava <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_57">a cutucar</span> o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_58">objeto</span> que, provavelmente, era frágil demais para ele o fazê-lo.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Perderam meia hora naquela monotonia, e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_59">Hani</span> estava quase batendo na porta quando esta se abriu e Diamantina desceu os dois degraus encostado junto à entrada.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">-Foi quase impossível encontrar algo que servisse na menina, mas até que não ficou tão ruim.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">E, atrás de Diamantina, surgiu uma garota completamente diferente daquela que <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_60">Hani</span> e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_61">Dimitri</span> havia conhecido no meio da chuva. E tanto um quanto o outro rapaz precisaram de alguns instantes para reconhecê-la plenamente.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">-Eu ‘to ridícula, podem dizer – falou Sarah, martirizada.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_62">Hani</span> não reagiu, mas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_63">Dimitri sorriu</span>.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">-Nem tanto, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_64">magrela</span>...</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><o:p><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> </span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><o:p><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> </span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><o:p><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> </span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><o:p><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> </span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><o:p><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> </span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" align="right" style="text-align:right"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">"Àquela hora todos os olhos vivos estavam fechados e adormecidos, sem exceção alguma. E, enquanto a cidade silenciosa desfrutava da noite, ele estava em pé na janela, observando com olhos que poucos viam aquela lua prateada e gigantescas que, como uma mãe carinhosa mas severa, despejava seu carinho luminosos por toda a cidade calada." - Lenços Vermelhos</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p><p class="MsoNormal" align="right" style="text-align:right"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></span></p><p class="MsoNormal" align="right" style="text-align:right"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></span></p><p class="MsoNormal" align="right" style="text-align:right"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" align="right" style="text-align:right"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><o:p><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> </span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><o:p><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> </span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Meu nome não é Níh;</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 18px;"><br /></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><o:p><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"> </span></span></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">assistam:</span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="line-height:115%;Times New Roman","serif""><span class="Apple-style-span" style="font-family:verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">http://www.youtube.com/watch?v=sk3SrRi_Mds&feature=player_embedded</span></span><o:p></o:p></span></p><p></p></span><p></p>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-340835934905331292009-12-03T18:34:00.000-08:002009-12-04T17:03:08.305-08:00Desventuras de Tardes Tediosas - Parte VIII<p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">Sarah havia se acostumado a ouvir que era gorda. Sabia que amava comer e que devia fazê-lo menos, mas nem por isso seguia seus próprios conselhos. Portanto, diariamente suportava as ofensas de seus colegas de escola, e dos <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_0">transeuntes</span> intrometidos com os quais esbarrava, e dos professores da academia, e de seus primos, tios e avós. Havia se acostumado, mas isso não quer dizer que havia deixado de se ferir. Se um cachorro apanha todo dia, cedo ou tarde aquilo se tornará rotineiro, mas não fará a chinelada doer menos. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">Portanto, quando ouviu daqueles dois estranhos que, <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_1">incrível</span> e infelizmente, eram as únicas pessoas que ela “conhecia” naquele lugar ela percebeu que machucou, e machucou da mesma maneira que machucava quando sua mãe falava-a para pegar uma colher a menos de feijão ou algo assim.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">E não entendeu porque, e nem em qual momento, alguma coisa que os dois palermas diziam importava. E não saber isso deixou-a furiosa consigo mesma, e com aquele mundo estúpido e fétido ao seu redor. E aquela raiva a deixou com fome, muita fome. E pensou novamente no fato de a terem chamado de gorda, mas aquilo, naquele momento, não a chateou. A fez querer comer ainda mais, de raiva e birra. Sendo assim, quando voltou a encarar os dois rapazes ainda desnorteados, as lágrimas estavam secas e as sobrancelhas contraídas. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">Dimitri</span> e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">Hani</span> se <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">entreolharam</span>, perdidos, e Sarah abriu um sorriso maldoso que apenas ela entendeu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">-E ainda estamos aqui porque mesmo? – perguntou, deixando o par diante de si <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">estupefatos</span>. E aquelas expressões a fizeram rir baixinho, um riso só seu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">-Você é estranha, garota. – disse <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">Hani</span>, balançando a cabeça.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">-E não pense que você é lá muito normal, garoto – <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">Hani</span> se assustou com a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">reação</span>, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">deixando</span> as pupilas se dilatarem antes que percebesse.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">-<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">Epa</span>, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_11">epa</span>, vamos parando por aqui – falou <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_12">Dimitri</span>, tocando o ombro do amigo que parecia estar começando a formar a <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_13">palavra</span> “garoto” na sua mente, e aquilo não lhe agradou. –Vamos antes que chova novamente e ela se irrite ainda mais – e, dizendo isso, o mais velho empurrou o embasbacado para trás, olhando para Sarah, que sorria internamente e triunfante.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;"><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_14">Dimitri</span> e ela se olharam, e ele abriu um sorriso debochado, quase uma risada. E ela também teria rido, se aquilo não fosse dar a mão a palmatória.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">Os três caminharam na <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_15">direção</span> de uma casa-carroça localizada <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_16">exatamente</span> no meio da distância entre duas aberturas na parede. No caminho, garotas acenaram para eles e crianças correram entre suas pernas. Todos olhavam curiosos para Sarah, que tinha certeza de sua aparência deprimente. A calça molhada e pesada escorregava pela cadeira, e a camiseta larga estava grudada, moldando seus seios sem <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_17">atrativos</span> e a cintura que, na sua opinião, era deformada. As mulheres e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_18">senhoritas</span> juntavam as cabeças para cochichar, os homens encaravam-a sem nenhuma vergonha. As crianças caminhavam ao seu lado, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_19">cutucando</span> suas pernas e puxando suas roupas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">Havia um grito entalado em sua garganta, um grito de formas e cores únicas, mas que ela tratava de manter escondido. Espiava seus observadores com a mesma falta de pudor destes, e ninguém parecia se ofender. Quando <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_20">Dimitri</span> e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_21">Hani</span> <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_22">pararam</span>, ela quase <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_23">trombou</span> com eles, parando a um dedo de distância das costas do mais novo. Quando encarou a roupa velha, recuou dois passos, visualizando melhor a casa na porta da qual <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_24">Dimitri</span> estava batendo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">A porta, as janelas e as rodas eram pintadas de um vermelho vivo e sedutor, simpático o suficiente para atrair a atenção certa. O <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_25">teto</span> era azul escuro, e as paredes da cor da própria madeira. Também azul escuro havia uma espécie de toldo que cobria toda a entrada, protegendo-a da chuva.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;"><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_26">Dimitri</span> bateu duas vezes na porta vermelha, e ela notou que a tinta estava começando a descascar. O som de alguém se movendo lá dentro, e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_27">a impressão </span>de que o espaço era pequeno, soou até quatro passos atrás de Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">-Só um minuto! – gritou a voz feminina lá dentro.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">Em pouco estantes a porta se abriu, fazendo o queixo de <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_28">Sarah</span> ameaçar <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_29">despencar</span>. Em pé na porta estava uma mulher que pareci ter saído de um livro de contos. Os cabelos pretos eram densos e longos, presos em um rabo de cavalo puxado para frente. O vestido de camiseta branca e saia vermelha tinha um decote avantajado (ou seriam os seios da sra. Diamantina que eram grandes demais para suas roupas?). Era portava pulseiras, brincos de argolas, moedas costuradas na saia, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_30">tornozeleiras</span>, todos de ouro. Era espalhafatosa e um pouco grande demais, os olhos escuros eram densos e profundos e fitaram Sarah com peso. Aquele olhar fez a menina se encolher, e a sobrancelha da mulher se erguer.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">-Boa tarde, Diamantina – disse <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_31">Dimitri</span>, atraindo a atenção da dona da casa, que abriu um largo sorriso nos lábios rubros ao vê-lo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">-<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_32">Dimitri</span>, menino! – disse, quase gritando, enquanto abria os braços e o abraçava <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_33">calorosamente</span>.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;"><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_34">Dimitri</span> se tornou excessivamente diminuto ao lado de Diamantina e de seus seios, e aquilo gerava ondas de riso na barriga de Sarah que estavam se tornando difíceis de segurar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">-Finalmente veio me ver? Eu duvido! Aposto que tem alguma razão por trás dessa visita! Alguma coisa do seu pai, não é? – ela a encarou, e ele não conseguiu negar. –<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_35">Háh</span>, eu sabia! <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_36">Cois</span> do seu pai, é claro, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_37">Hani</span> esta aqui e você esta com uma branca magricela! – os olhos da mulher de pele queimada de sol fitaram Sarah, que se surpreendeu com a alcunha e “magricela”, ignorando deliberadamente o “branca”.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">-É <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_38">exatamente</span> sobre ela que eu queria falar – começou o filho do líder, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_39">desvencilhando</span>-se cuidadosamente do abraço da mulher dez anos mais velha. –Ela é uma <b>estrangeira</b>, e precisa de comida, casa e roupa. Meu pai achou que você seria a pessoa <b>perfeita</b> para garantir isso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">-Perfeita, é? –ela abaixou os olhos para encarar o rapaz, e aquele olhar se demorou com um ar de seriedade desconhecida. Um ruído surgiu no fundo da garganta de Diamantina, que balançou a cabeça, irritada. –Eu sabia que um dia iam usar isso contra mim... Mas não pensei que mandariam por você, <b>canário</b>! Não sabia mesmo... Agora entrem logo antes que ela congele aqui fora!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">Com um passo para o lado ela abriu o caminho para que os três entrassem. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_40">Hani</span> foi o primeiro a fazê-lo e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_41">Dimitri</span> fez questão de ser o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_42">segundo</span>. Sarah os seguiu o mais rápido que pôde, sentindo o olhar que Diamantina lançou-lhe, observando seu corpo da cabeça aos pés e balançando a cabeça, como se aquela v<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_43">isão</span> a deixasse decepcionada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman";font-family:";font-size:12.0pt;color:#000033;">A porta se fechou barulhenta atrás dela, mas não foi o barulho que fez o susto se espalhar pelo corpo de Sarah. Foi a visão da casa de Diamantina que a jogou para dentro de uma história <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_44">infatil</span> que a fez ficar, vejam só, sem palavras.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><span style="Times New Roman","serif"font-family:";"><o:p> </o:p></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;"><br /></span></p><p class="MsoNormal"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;">-<span class="Apple-style-span" style=" ;font-family:Georgia, serif;">Ouvia os passos e as respirações que o seguiam, sentia os cheiros <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_45">incomuns</span> e desconhecidos, mas familiares, que estavam por todas as partes. As mentes roçavam a sua como gatos curiosos que se aproximavam sorrateiramente, ele ouvia as palavras que tentavam lhe escapar como <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_46">hamsters</span> dentro de uma gaiola. Mesmo que a multidão o houvesse engolido, havia um espaço grande demais entre ele e as pessoas mais próximas. Por trás das lentes escuras, observava aqueles que haviam tido a coragem de se aproximar, e via os olhares curiosos, os sorrisos interessados, as palavras sussurradas.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: left;">-Meu Nome não é <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_47">Níh</span>;</p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT"><o:p></o:p></span></p>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-27555215605856147722009-12-03T18:32:00.000-08:002009-12-03T18:34:37.198-08:00As primeiras sete partes de uma desventura<p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="apple-style-span"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">A chuva caía insolente, jogava-se contra as janelas e esparramava-se pelo vidro, fazendo-se de íntima. Os olhos da menina seguiam as gotas suicidas em sua queda de fim próximo, perdendo-as de vista poucos segundos após concentrar-se em uma nova, e, sempre que o fazia, buscava uma nova na multidão que se arremessava das nuvens neste mundo ingrato. </span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="apple-style-span"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Os cabelos lisos caiam sobre os ombros, o queixo encostado na madeira, a respiração criando enormes manchas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">embaçadas</span> no vidro, que dissipava-se tão rápido quanto ela podia respirar. Os braços estavam caídos ao lado do corpo curvado, e ela mexia na calça de flanela que cobria as pernas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">roliças</span>. A casa estava vazia, e o silêncio desfilava sem preocupação pela sala, cozinha e quartos. Imperava sem ameaça, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">exceto</span> pela chuva que <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">trovejava</span> lá fora.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="apple-style-span"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Quando era mais nova, tinha medo da chuva. Em uma tarde como esta, estaria em seu quarto, encolhida sob as cobertas, abraçando um de seus muitos bichinhos de pelúcia e escondendo o rosto na barriga deste. Mas agora estava grande demais para tais infantilidades, mesmo que os bichinhos continuassem espalhados por todo seu quarto, empilhados em prateleiras, na cama, largados no chão, chutados pelas gavetas e por ela. </span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="apple-style-span"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Tinha muita preguiça de ir até a cozinha fazer um pouco de chocolate quente para aquecer o peito e a barriga. </span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="apple-style-span"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">A distância entre a sala e o quarto era gigantesca, portanto continuaria com os pés brancos de frio e as unhas roxas pela friagem, se ficasse doente ainda seria melhor, não precisaria ir para a escola. </span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="apple-style-span"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Os cadernos e livros estavam preparados sobre a mesa de carvalho maciço, a lapiseira largada em cima da folha de linhas azuis, onde já havia algumas palavras escritas, mas ela não tinha interesse algum em ir estudar. Perda de tempo, irritante e nauseante. Faria-a sentir sono, e isso era a última coisa que queria: sentir sono. Não <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">agüentava</span> mais dormir pelos cantos, perder suas tardes sob as cobertas, deixando o mundo passar enquanto ela dormia.</span></span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><br /></span> <span class="apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Exausta de sua própria inutilidade, ergueu as costas. A visão exaustiva do campo sem nada que vinha depois de sua casa deixava-a doente, a grama indistinta que crescia horrorosa, e jamais era aparada, a colina sem romance, sem árvore e sem balanço de pneu. A garagem vazia, e os estudos atrasados. O quadro de sua vida parecia uma grande porcaria visto dali, e desistiu de pensar. </span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="apple-style-span"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Levantou-se e olhou as roupas velhas que cobriam o corpo acima do peso, rondou com os olhos as redondezas dentro da casa, e pareceu satisfeita em comprovar que realmente encontrava-se solitária naquela tarde vazia.</span></span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><br /></span> <span class="apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Abriu a porta sem pensar mais de uma vez, deixou o vento gélido furar sua carne com as agulhas da friagem e não retesou-se. Fechou a porta as suas costas e pulou descalça na grama molhada. A água cobria-a, abraçava-a e tirava-a para dançar. </span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="apple-style-span"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; color: rgb(0, 0, 51); "><o:p><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"> </span></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="apple-style-span"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; color: rgb(0, 0, 51); "><o:p><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"> </span></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="apple-style-span"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Girava sem pensar na chuva, os olhos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">semi</span> abertos, sentindo a água molhar seu cabelo, seu rosto e seu corpo. Os braços abertos par ao céu, abraçando-o com carinho, cariciando-o, assim como ele acariciava-a. Permitiu que as água lhe tocassem e a rendessem, e permaneceu ali por longos minutos, correndo na grama molhada, enchendo-se de lama e grama <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">úmida</span>. Correu colina acima, ignorando o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">pinicar</span> do mato alta que <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">cutucava</span> seus pés e suas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">panturrilhas</span>. Foi até o alto, e girou, ficando de frente para as casas enfileiradas, de braços abertos e olhos fechados. Gritou, alto e ruidosamente, a plenos pulmões. Queria que todos, e que ninguém, a ouvisse. E berrou longamente na chuva estrondosa, e somente quando a voz lhe faltou e a garganta <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">aranhou</span> é que arqueou o corpo e, num impulso, alegre, abriu os olhos para ver o resultado de seus gritos mudos.</span></span></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><br /></span> <span class="apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">E não foram apenas seus gritos que neste momento permaneceram mudos. Todo seu corpo emudeceu diante de uma surpresa inquieta, e, sem palavras, ela <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_11">despencou</span>. Sentada na lama, com as roupas sujas e molhadas, o corpo enregelado que pensava poder contar com um banho quente encolhido, os lábios secos e as mãos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_12">trêmulas</span>.</span></span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><br /></span> <span class="apple-style-span"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">A chuva ainda <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_13">despencava</span> <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_14">tolamente</span>, mas não sobre sua casa e sobre a de seus vizinhos enfadonhos. Ela <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_15">despencava</span> sobre um pequeno vilarejo onde as casas eram feitas de pedra e madeira, as flores bebiam contentes da chuva incessante, a grama aparada e bela brilhava na torrente constante, e ela podia ver a luz de velas ou lareiras escapar pelas janelas redondas. e, antes que pudesse erguer, uma voz foi ouvida, e ela apenas não gritou pois uma mão bem maior que a sua tampou sua boca, e outra rodeou seu tórax, imobilizando-a.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Calada – sussurrou a voz, cuidadosamente, em seu ouvido.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Era uma voz masculina e grave, que parecia nascer no meio da garganta e vir à tona de maneira <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_16">gutural</span>. Não era necessário muito esforço para perceber que o dono da voz também era o dono das mãos e dos braços que a calavam e a imobilizavam. Ele a fez erguer-se um pouco do chão, mas não o suficiente para que ficassem <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_17">eretos</span>. Ambos agachados rastejaram para trás de um caminho de arbustos que crescia nas bordas da estrada de terra e pequenas pedras na qual ela se encontrava. Uma vez por detrás das folhas ela foi obrigada a se ajoelhar com o homem ao seu lado, ainda com a mão sobre sua boca e o braço passando por debaixo de seus seios. Ele a detinha com menos força, atento ao observar por entre as pequenas e numerosas folhas o caminho no qual estava há pouco.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Curiosa como apenas uma adolescente é capaz de ser, mesmo que numa situação de perigo, ela se esforçou para superar a barreira natural, e ver o que ele via. Após pouco mais de dois minutos um grupo se aproximou do <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_18">exato</span> lugar onde ela havia <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_19">despencado</span> de joelhos. Dez homens formavam-no, um sobre um cavalo e todos os outros a pé. Chapéus semelhantes àqueles usados por volta do século XV cobriam cabeças nas quais perucas brancas e antiquadas encontravam residências. O homem sobre o cavalo, além de pomposo e uma expressão de absoluto nojo em relação a tudo que o cercava carregava uma estranha bandeira que ela nunca havia visto antes. Com franjas douradas nas bordas, e dividida ao meio pelas cores vermelho e preto, havia um brasão ao centro no qual duas espadas renascentistas cruzavam-se, uma gigantesca água estava pousada em suas lâminas, uma coroa em sua cabeça e uma estranha e assustadora expressão nos pequenos olhos bordados em linho e algodão.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Todos os casacos vermelhos com botões negros levavam o mesmo brasão, assim como os chapéus e as espadas que encontravam-se nas cinturas dos soldados. Eles marchavam <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_20">uniformemente</span> carregando estranhas armas, semelhantes a espingardas. Apenas quando eles se afastaram e o som dos cascos do cavalo batendo nas pedras e na terra molhada tornou-se distante e imperceptível quando um <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_21">farfalhar</span> de folhas, que o homem ergueu-a de trás dos arbustos.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Fique quieta só mais um pouco – ele falou, sua voz encontrava-se em um tom extremamente baixo e ele guiava-a de costas para longe do vilarejo.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Após cerca de dez passos a garota que encontrava-se praticamente de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_22">pijamas</span> notou que árvores começaram a surgir ao seu redor, eram dezenas dela se não demorou para que um verdadeiro bosque a cercasse. As copas das árvores eram tão grandes e densas que a chuva não conseguia vencê-las, e caia como um chuvisco ocasional no chão coberto de folhas mortas e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_23">amarronzadas</span>. O homem de face desconhecida a soltou repentinamente. A perda de apoio fez com que ela cambaleasse e quase caísse sentada no chão macio. Seus dedos do pé, agora <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_24">lilases</span>, estavam imundos com a lama e fragmentos das folhas mortas, a visão lhe causou uma pequena onda de ânsia. Balançou a cabeça, agitando os longos cabelos encharcados e espalhando água para todos os lados, como um cachorro extremamente peludo após o banho.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Ergueu a cabeça para ver quem que havia imobilizado-a e, aparentemente, arrancado-a de uma situação complicada. Surpreendeu-se imensamente ao notar que o homem que encontrava-se há cinco passos de distância aparentava ter cerca de vinte anos e utilizava roupas curiosas e ultrapassadas. Quer dizer, ele usava mangas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_25">bufantes</span> em uma camisa de linho barato, haviam várias pulseiras de couro enroladas no pulso um pouco magro, as calças verde musgo eram um pouco grudadas, e até curtas demais para os padrões aos quais ela estava acostumada. Havia brincos de argola dourados pendurados em suas orelhas, e colares de ouro velho no pescoço, além de uma <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_26">bandana</span> preta com bordados vermelhos feito a mão na cabeça, ocultando a maior parte do parecia ser uma cabelo preto e cacheado. Ele não parecia o tipo de rapaz que <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_27">freqüentava</span> a faculdade, nem mesmo as faculdades mais estranhas como a de artes <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_28">cênicas</span>, ou artes plásticas. Não, ele parecia um personagem de filme de época, o cara que dança na praça tocando uma flauta, um tambor, uma gaita, ou algo do tipo.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Seus olhos eram como um par de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_29">quartzos</span> negros eram <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_30">pontudos</span> sem ser polidos, profundos e exuberantes e duros como a própria pedra, fixos nela com receio e uma pitada de ódio acumulado. A garota recuou, sem perceber realmente o que fazia. Estava ensopada com a chuva de seu lar e deste, apesar de as gotas serem incapazes de continuarem atingindo-a. Ele parecia tão intrigado a respeito de seus trajes quanto ela a respeito dos dele, e nenhum disse nada enquanto encaravam-se, ele forte e confiante, cheio de rancor; ela encolhida, duvidosa e até mesmo um pouco amedrontada. Depois de poucos mais que dois minutos encarando-se, foi ele que se pronunciou. A voz ainda <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_31">gutural</span> tinha tanta ameaça quanto da primeira vez que ela a ouviu, e parecia ainda mais intimidadora agora que ela encarava as feições joviais do jovem que assemelhava-se de maneira assustadora aos <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_32">nômades</span> medievais.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-O que uma branca faz longe de casa?</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">A pergunta fez com que ela se sentisse ligeiramente ofendida, não que não fosse branca, sabia que era, pálida como um fantasma e com olheiras gigantescas e arroxeadas ao redor dos olhos castanho-mel. Mas o que ela ser ou não ser branca tinha haver com o fato de estar longe de casa? Pensou em uma dezena de respostas mal educadas para dizer, mas não lhe pareceu sensato, portanto, quando começou a abrir a boca para <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_33">retrucar</span>, mudou de <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_34">idéia</span>, recuando o corpo e fechando a boca repentinamente.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Digna demais para responder? – ele falou, um sorriso cafajeste e ofendido surgindo nos lábios escuros. Os dentes eram escurecidos e, um deles, dourado. Levou a mão direita para as costas e, quando esta retornou, havia uma pistola entre os dedos, apontada <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_35">diretamente</span> para a cabeça dela. – Será que agora vou ouvir sua <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_36">vozinha</span> aguda?</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Os olhos dela alargaram-se <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_37">instantaneamente</span>, igualmente por medo quanto por surpresa. A pistola que lhe era apontada era extremamente rústica e antiquada, remontando o período renascentista. Feita de madeira e de ferro, era movida a pólvora e usava balas gigantescas e pesadas. Mas, apesar de agora ele parecer um personagem de um filme em <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_38">sépia</span>, sua expressão não continha um pingo de brincadeira, era dura, séria e com um “que” de descontrole.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-O...olha aqui! – ela começou, tentando recuperar a postura e mostrar que não sentia medo, mesmo que o fizesse. Mas não teve tempo de começar seu teatro sem ensaio, o som de folhas sendo afastadas próximo fez com que os dois, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_39">sobressaltados</span>, olhassem para o lado, o rapaz em um dilema cruel: não sabia se continuava a mirar nela, ou mudava o alvo de sua pistola para aquele que se aproximava.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Dentre um grupo de árvores e arbustos surgiu um rapaz um pouco mais novo que ele, com roupas extremamente parecidas. Sua camisa era vinho e a calça branca, não trazia nenhum lenço em sua cabeça, mas um em seu pescoço e tinha os pés descalços, ao contrário do outro que usava botas gastas e velhas. Quando o rapaz que havia imobilizado-a notou quem se aproximava, voltou a encarar a adolescentes molhada a sua frente. “Ótimo...” pensou, com uma careta se formando “são amigos.”</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Olha, uma branquela. – o mais novo disse, com um risinho indecente.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">O destaque diante da ausência de pigmentação em sua pele estava começando a aborrecê-la. E daí se era branca como um fantasma? Existem muitas pessoas que também são assim, existem pessoas até mesmo piores do que ela, e disso tinha certeza. Seu sangue estava fervendo cuidadosamente, até chegar ao ápice da estupidez adolescente e, cega de frustração, ignorou completamente a pistola ainda voltada para o seu rosto.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Qual é o problema de vocês, seus ultrapassados? Preconceito é ridículo, além de moralmente condenável! Ficaram presos na época dos seus avós, é? Viados!</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Sua voz saiu alta, como um grito solitário em um abismo vazio. Sua voz se perdera entre as árvores, que funcionavam como um isolante sonoro, mas os rapazes diante dela ouviram muito bem as ofensas declamadas em uma voz realmente aguda, dançando em um sotaque desconhecido. O peito subia e descia pois agora estava ofegante, falara tudo depressa demais, esquecendo-se de respirar. O coração acelerado quase parou quando ela os pares de olhos que a encaravam. Um par, o do mais velho, eram quartzos congelados e furiosos, enquanto o do outro encontravam-se pontiagudos e ameaçadores. Estava mais pálida que o normal, o sangue fugia-lhe do rosto e deixava suas pernas bambas. O “clic” da pistola sendo preparada ecoou entre as árvores, fazendo alguns pássaros saírem de seus esconderijos.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Dois passos fizeram com que o metal frio tocasse sua testa, e arrepios involuntários espalhassem-se por seu corpo. Uma vez mais, engoliu de maneira dolorida a saliva que concentrava-se na boca fechada de lábios secos. Ele não parecia sentir dúvida alguma, enquanto ela definhava diante do medo e do terror. O rapaz atrás dele sorria, um sorriso de moleque satisfeito, como se tivesse feito uma armadilha para um coelho e ele estivesse a passos inquestionáveis de cair nela. Garotos podem ser cruéis. Queria falar alguma coisa. Explicar, se justificar. Pedir desculpar e salvar sua pele daquela situação. Mas não conseguiria fazê-lo. As palavras eram incapazes de se formar, e ela incapaz de proferi-las. não abaixou a cabeça, devido a paralisia do pânico. Mas seus olhos tentavam fixar-se nas folhar das árvores que formavam o plano de fundo, no entanto não havia concentração suficiente no mundo para desviar sua atenção do resultado iminente.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Minutos arrastaram-se, e uma fagulha de esperança surgiu. Uma minúscula fagulha que foi o suficiente. Quando as palavras começaram a emergir, algo cortou o avanço... Um som sublime arrancou a paz da floresta, e os pássaros afastaram-se grasnando e piando, desesperados...</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">...</span><i><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">POW!...</span></i><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Ela sentiu suas pernas tremerem e os braços despencarem ao lado de seu corpo, sem força. A cabeça ficou extremamente quente, enquanto o corpo todo estava gelado. Perdeu a força nos membros inferiores e sentiu o joelho chocar-se com as folhas mortas e úmidas.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Dizem que quando estamos diante da morte, podemos ver nossa vida passar diante de nossos olhos. Por um instante, ela viu o rosto de sua mãe, mas este não tardou a evaporar e abandoná-la naquela lugar estranho e absurdo. Um único pensamento flutuou em sua mente.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">“Que vida mais sem graça foi essa...”</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Quando ela era mais nova, se lembrava claramente que adorava gastar seu tempo com ambos os pais. Sentava-se entre eles no amplo sofá da sala e os obrigava a passar as tardes nebulosas assistindo desenhos animados. Nas tardes de sol, os arrastava até qualquer parquinho que houvesse e não permitia que eles se afastassem demais, ou tivessem seus momentos a sós. Apesar disto, eles sempre estavam sorrindo. Boa parte do tempo, a abraçavam calorosamente, e riam em uníssono. Faziam piqueniques na cozinha quando a mesa parecia muito chata, e tomavam café da manhã na hora do jantar quando não tinham fome o suficiente.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Aquela era sua rotina, escola, amigos e risadas em casa. Um dia, simplesmente, seu pai não sorriu mais. Suas respostas eram ríspidas, seus modos grosseiros. Sua mãe e ele discutiam quase sempre. Ou melhor, a mãe dela discutia, o pai parecia ignorá-la completamente. Desde então, ela passou a passar o máximo de tempo possível no colégio. Evitava ficar em casa. Via o sol se por com os meninos no campinho de futebol, apesar de ser péssima nisso. Voltava pra casa na hora do jantar, e subia para o seu quarto, para estudar. Fechava a porta e ligava o som no volume mais alto, para não ouvir os gritos e as lágrimas.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Quando abriu os olhos, todo seu corpo estava doendo e paralisado. Estava deitada de barriga para cima encarando a copa das árvores. O cabelo molhado deixava sua nuca gelada, mas havia algo cobrindo o corpo imóvel. Piscou algumas vezes até conseguir respirar profundamente e mover os braços, apoiando-se nos cotovelos e olhando ao redor. Havia uma manta de lã sobre seu corpo, aparentemente feita por retalhos de várias outras mantas. Estava entre árvores altas e densas, e ainda conseguia ouvir o som de uma chuva rala caindo bem acima de sua cabeça. Há quatro passos havia uma fogueira acesa, crepitando cuidadosamente na escuridão da floresta. Os dois rapazes que havia visto mais cedo estavam sentados ao redor dela, conversando calmamente, sorrisos negligentes nos lábios rachados.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Bom dia, bela adormecida – falou o rapaz que havia tampado sua boca e apontado uma arma para sua cabeça.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Foi mais rápido do que ela, sua mãe ergueu-se até sua testa e esfregou-a, buscando o buraco que deveria estar ali, ou ao menos alguma atadura. Não havia nada, nem mesmo sangue seco ou algum relevo anormal. Os dois riram baixinho.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Incrível como nossos ouvidos nos pregam peças, ham? – ele disse, lambendo os lábios sinuosamente até que, repentinamente, o som que havia atordoado seus ouvidos e feito-a cair de joelhos soou novamente. O som vinha de dentro da boca dele, moldado pelos lábios. – Bem legal, não acha?</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Legal? – ela exclamou nervosamente. – Eu diria de mal gosto, isso sim!</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Os dois riram baixinho, o mais novo deu de ombros.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-As garotas são sempre as chatas.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-E os garotos os idiotas.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Os dois se encararam por alguns minutos, da mesma maneira que ela encarava os garotos da escola que resolviam comprar briga com ela ou com alguns dos outros “nerds”. E nesses momentos sempre existe um observador, que, após um minuto se cansa, e ri, faz um comentário desconfortável ou simplesmente se afasta. Desta vez, o observador riu da situação e tirou um pedaço de madeira que tinha um pedaço de carne espetado de dentro da fogueira.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Esta pronto – ele falou, indo até ela e estendendo o espeto. –Não é exatamente a melhor coisa que você já comeu, mas aposto que esta com fome. – ela fitou desconfiada o pedaço de carne, hesitando em esticar a mão e pegá-lo. – Aliás – ele falou, quando ela finalmente segurou o graveto – Eu sou Dimitri, e esse é Hani.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Os olhos de mel encararam os olhos de quartzo na penumbra criada pela luz incerta do fogo. Quando ele estava virando-se, a voz dela nasceu do fundo da garganta e saiu rouca.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Sarah – ela disse, fazendo-o virar a cabeça e olhá-la novamente. –Meu nome é Sarah.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">As bochechas brancas se tornaram rosadas quando ele mostrou um sorriso estreito e provocador.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Muito prazer, estrangeira.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Quando os três terminaram de comer Hani apagou a fogueira e Dimitri recolheu as poucas tralhas que eles tinham espalhadas. Havia duas sacolas que deviam estar escondidas dentre as árvores quando eles a encontraram, e agora eles a amarravam na sacola.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Vista isso – Dimitri lhe estendeu um casaco masculino azul escuro, com botões de bronze e abotoaduras nas mangas – Você esta ensopada, e a última coisa que eu quero é uma garota gripada.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Enquanto ele lhe passava o casaco, tomou-lhe a coberta, enrolando-a e amarrando-a a sacola em suas costas. Além das folha,s o sol já havia se posto e uma lua crescente brilhava no céu com poucas estrelas. Eles caminharam para dentro da floresta durante pelo menos duas horas. Os pés de Sarah ardiam, machucados pelos gravetos quebrados e pelas folhas que estavam começando a se secar. O cabelo estava duro, devido a água e a sujeira, e ela conseguia sentir seu próprio cheiro. Para onde quer que eles estivessem indo, ela realmente esperava que houvesse algo como um banho. Quando quase não conseguia mais caminha, uma parede de pedras surgiu diante deles e ela temeu estarem perdidos. Hani olhou para Dimitri, que olhava para o extremo de cada lado do paredão.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Ali – ele disse, virando a esquerda e caminhando mais quinhentos metros.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Escondido na sombra das rochas e por plantas trepadeira, havia a entrada de uma caverna, ou de um túnel. Hani se mostrou satisfeito com a visão, e tomou a dianteira, afastando os ramos de planta e adentrando a escuridão sem medo algum. O mais velho lhe deu passagem cordialmente, e ela seguiu o primeiro. Não sabia para onde ia, sequer conseguia enxergar as paredes ao seu redor. A única coisa que sabia é que não haviam mais plantas no chão, e poucas pedras pequenas trombavam contra os seus pés descalços. Após vinte cinco minutos o som de vozes, música e passos agitados começou a vir da direção que eles caminhavam</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Estamos perto! – anunciou Hani, alegre.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Ela ouviu os passos dele se apressando e sentiu Dimitri ao seu lado, apressando-a. Os sons ficavam mais altos, e vozes começaram a se distinguir. Até que eles conseguiram ouvir frases completas e uma luz quente atacou o rosto da garota, que protegeu-o instintivamente. Piscou várias vezes, sentido as lágrimas que surgiam cuidadosas. Quando conseguiu abrir os olhos o que ela viu a deixou boquiaberta. Era como se tivessem cavado no meio das montanhas um lugar aconchegante para não muitas pessoas.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Era uma vila arredonda, com paredes do tamanho de edifícios cercando-as. Várias aberturas surgiam nessas paredes, de onde vinham e iam pessoas vestidas com roupas coloridas e espalhafatosas. A maior parte não usava sapatos, e as casas eram de madeira e sobre rodas, como carroças adaptadas. Algumas tendas abertas estavam montadas, e dezenas de pessoas circulavam ali, crianças, adultos e idosos; todos apressados e espalhafatosos.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Seja bem vinda, estrangeira – disse Dimitri, um sorriso orgulhoso nos lábios travessos.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Bem vinda à onde? – ela perguntou, virando a cabeça para todos os lados.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Ele riu gostosamente, sem se surpreender.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Ora, bem vinda a Toca dos Ratos.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Os olhos dela estavam dilatados enquanto ela tentava capturar cada detalhe do cenário diante de si. Sarah jamais havia visto algo como aquilo, já havia lido a respeito e visto desenhos ultrapassados, mas jamais havia estado em um local assim. Nunca havia sido capaz de tocar, ouvir e sentir os odores que enchiam o loca. E preferia que continuasse sem sentir, pois o cheiro era de condimentos, corpos suados e esterco. Dimitri a cutucou, fazendo um sinal para que ela o seguisse, e assim ela o fez, apenas o enxergando pelo canto do olho, estava ocupada demais tentando memorizar cada marca nas pedras e nas carroças.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Todos aqueles olhos estavam seguindo-o, alguns verdes, a maior parte quase pretos. As crianças a viam com curiosidade, e se aproximavam cuidadosamente, como se temessem se aproximar demais. Alguns pareciam prender a respiração para se aproximar mais e quase tocá-la, mas quando os olhos de mel os fitavam eles davam gritinhos e se afastavam, trombando em cestas empilhadas que se esparramavam. Quase sempre ela ouvia uma bronca em seguida. Os adultos não a olhavam com curiosidade, mas sim com o mesmo ódio e repulsa que Dimitri e Hani haviam lançado contra ela no primeiro momento em que a viram. Alguns desejavam distância, outros morte. Ela encolheu os ombros, intimidada, e apressou o passo para ficar mais próxima de Dimitri.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Ela percebeu que o círculo ovalado que era aquela estranha carvena aberta possuía um diâmetro maior do que ela havia imaginado a principio. Haviam rodas de quatro ou cinco carroças, ou casas com rodas, por toda a parte. Ruelas formadas por cestas, terra pisada e pedras incertas levavam os moradores para todos os lugares. Ao lado das carroças ou entre cercas baixas e não muito fortes havia todo tipo de animais, cavalos, alguns bois, galinhas, cabras e porcos. O cheiro do estrume enchia as narinas de Sarah, e o som dos cacarejos irritadiços irritava seus ouvidos. Ela sempre odiou galinhas, eram fedorentas e inconvenientes, e não muito gostosas. Além do mais, era impossível mantê-las presas. Sempre escapavam das cercas para bicar os seus dedos. Pensando nisso, ela passou a olhar com atenção também par ao chão, evitando as malditas parasitas de asas.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Ela notou que ao lado de cada entrada nas paredes havia uma tenda que poderia ser estendida até o extremo oposto, imaginou que aquilo servisse como uma porta, para que quem estivesse na caverna não visse a luz ou as sombras do vilarejo improvisado, e se afastasse. Ao mesmo tempo que tudo aquilo parecia uma casa de hippies, também parecia um refúgio, do tipo que ela lia a respeito em livros medievalistas ou em filmes com o Mel Gibson.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">No centro da toca havia uma carroça pintada de vermelho, verde e preto. As rodas eram maiores e havia dois cavalos ao lado dela, pastando. Dimitri fez um sinal para que ela esperasse do lado de fora e puxou a bandana, fazendo-a se solta e cair por seu rosto. O cabelo preto tinha cachos bem definidos e pesados, criando cortinas escuras no rosto bronzeado. Ele afastou o cabelo antes de bater na porta e entrar, subindo um degrau alto e fechando a porta. Hani ficou ao seu lado, tentando, assim como ela, ouvir o que acontecia lá dentro.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Quem mora ai? – ela perguntou baixinho para o rapaz de cabelos pretos curtos.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-É o “pai” do Dimi – ele respondeu.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Pai? Para que ele tinha ido falar com o pai? Ele ia desposá-la, por acaso? Se fosse assim, ele devia falar com o pai dela. Ou melhor, com ela! Mas não fazia sentido nenhum ele querer casar com ela, afinal, ela era uma “branca”, como ele e Hani haviam feito questão de destacar.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Para que ele foi falar com o pai? E porque estamos sussurrando? – ela perguntou, e Hani quase riu.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-O “pai” dele é o que você poderia chamar de chefe.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Ele é o filho do líder?! – a voz de Sarah se elevou, e Hani segurou com força uma gargalhada, concordando com a afirmação da garota.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:15.0pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Ela sabai que seus olhos haviam se dilatado de novo e seu coração disparado com a novidade. Se as coisas continuassem daquele jeito, ia enfartar antes de seu pai.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Saber que estava em pé diante da casa do possível líder daquele possível grupo organizado fazia-a se sentir ansiosa e desconfortável. Entrelaçava os dedos do pé, sobrepujando um seguido do outro. Arrancava a pele ao redor das unhas, mordiscava o canto dos lábios, tudo isso por ainda ter que esperar aquele maldito fanfarrão sair de dentro da casa do papai. Ela sabia com estava em pé sobre algo afiado e melindroso. Poderia estar tendo aquela sorte invejável de estar no lugar errado e na hora errada, mas ser encontrada pela pessoa certa, ou então estaria sofrendo daquele azar indiscriminado, podendo estar submetida não apenas ao encontro de três coisas erradas, como também todo um universo de artimanhas contra ela. Incrivelmente era muito mais simples avaliar a possibilidade do azar acima de tudo, do que a sorte nos cantos do prato.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Quando a porta se abriu e Dimitri a encarou novamente, ela não sabia o que fazer. Se estivesse em casa, segura pelas leis que conhecia, estaria despejando uma multidão de palavras impróprias e tapas superficiais, mas ali ela era uma estrangeira, que não conhecia nada, e ele...Bem, ele era o filho do chefe, né?</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-E aí? – perguntou Hani, enquanto o amigoco colocava a bandana na cabeça.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Ah, nada demais – ele estava descontraído, calhorda! Não custa nada ser direto, custa? – Quer que encontremos roupas, ela vai ficar na casa da sra. Diamantina e vai conversar com ele amanhã.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Só isso? – Sarah não conseguiu se conter, e nem mesmo ficou vermelha quando os dois olharam-na.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Você quer mais alguma coisa? – ele perguntou, debochado.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Não! – ela se apressou em dizer. –Não, não... Parece...ótimo.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Dimitri riu do nervoso da menina, e novamente ela gostaria de estar em seu mundo, submetida às suas próprias regras. Mas não estava, pelo menos não aparentemente, então rendeu-se àquele destino momentâneo sem se debater mais.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Vêm, eu te levo até a casa da Diamantina. Acho que vai gostar dela, é uma senhora que adora fazer as pessoas comerem... – ele e Hani riram, como se aquilo fosse para ser engraçado.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Você por algum acaso esta me chamando de gorda? – Sarah perguntou, irritada.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">-Ora, não seja presunçosa! Você não chega a ser gorda! Mas esta cheinha o suficiente para abrir o apetite de alguém com fome.</span><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-size: 12pt; color: rgb(0, 0, 51); "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';">Ele falou como se aquilo fosse um elogio, mas ela sentiu o sangue ferver e desferiu um tapa sem pensar no ombro do rapaz. O som do tapa se ergueu no ar, tomando impulso e se lançando no chão seco. Ela estava furiosa e com lágrimas nos olhos. As lágrimas subiam de nível e as íris começaram a se afogar quando a água salgada vazou e ela virou de costas par aos dois. Nem Dimitri nem Hani sabiam o porque daquelas lágrimas, e nem mesmo ela saberia dizer porque se importara.</span><o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';color:#000033;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';color:#000033;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';color:#000033;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';color:#000033;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';color:#000033;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';color:#000033;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';color:#000033;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';color:#000033;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;line-height: 19.2pt; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';color:#000033;">-Aqui estão as primeiras sete partes do Desventuras de Tardes Tediosas. A minha intenção era facilitar os novos leitores a acompanhar a história, espero que isto ajude. Agora que as primeiras sete partes estão mais acessíveis, fica mais fácil para que novos fãs sejam trazidos para o blog. Obrigada pela freqüência.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;line-height: 19.2pt; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';color:#000033;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: left;line-height: 19.2pt; "><span class="Apple-style-span" style="font-family:'lucida grande';color:#000033;">-Meu nome não é Níh;</span></p>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-65334287919513882542009-12-02T18:56:00.000-08:002009-12-02T19:05:56.389-08:00Você (uma poesia)<div style="text-align: right;"><div style="text-align: left;"><br /></div>Quando se esta triste o que se deve fazer?<br /></div><div style="text-align: right;">não quero sorrir<br /></div><div style="text-align: right;">não quero chorar<br /></div><div style="text-align: right;">não quero me lembrar de você<br /></div><br />Não sinto sua pele na minha pele<br />não ouço sua voz ao pé do ouvido<br />não sinto sua respiração instigante no meu pescoço<br />você não esta aqui agora<br /><br /><div style="text-align: right;">Não ouço sua voz<br /></div><div style="text-align: right;">ou as músicas do seu iPod<br /></div><div style="text-align: right;">só ouço o silêncio do meu quarto<br /></div><div style="text-align: right;">da solidão distante de você<br /></div><br />Quando se esta triste o que deve fazer?<br />não quero sorrir<br />não quero chorar<br />não quero me lembrar de você<br />Meus sorrisos são todos seus<br />e não irei desperiçá-los<br />não há motivos para que existam<br />quando não estas ao meu lado<br /><br /><div style="text-align: right;">Meus lábios<br /></div><div style="text-align: right;">meus dentes<br /></div><div style="text-align: right;">minha lingua<br /></div><div style="text-align: right;">são para ti e ninguém mais<br /></div><br />Quando se esta triste o que deve fazer?<br />não quero sorrir<br />não quero chorar<br />não quero me lembrar de você<br /><br /><div style="text-align: right;">Minhas lágrimas te machucam<br /></div><div style="text-align: right;">até mesmo quando não vê<br /></div><div style="text-align: right;">escondidas em minha alma<br /></div><div style="text-align: right;">distante de você<br /></div><br />Não quero que veja meus olhos inchados amanhã<br />não quero que desconfie da minha tristeza<br />quero que pense que só me trás felicidade<br />mesmo quando choro a tua ausência<br /><br /><div style="text-align: right;">Quando se esta triste o que se deve fazer?<br /></div><div style="text-align: right;">não quero sorrir<br /></div><div style="text-align: right;">não quero chorar<br /></div><div style="text-align: right;">não quero me lembrar de você<br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div>Porque?<br />porque sua ausência me dói?<br />porque quanto mais tempo desfruto ao teu lado<br />mais dói a saudade?<br /><br /><div style="text-align: right;">Quem é você para me causar isso?<br /></div><div style="text-align: right;">nunca consigo me livrar da tua imagem<br /></div><div style="text-align: right;">como pôde fazer isso comigo?<br /></div><div style="text-align: right;">deixar-me sem sanidade<br /></div><br />Só porque eu te amo<br />e creio que amas a mim também<br />só porque nos completamos<br />só porque o mundo é vazio sem ti<br /><br /><div style="text-align: right;">Quando se esta triste o que se deve fazer?<br /></div><div style="text-align: right;">quero gritar<br /></div><div style="text-align: right;">quero chorar<br /></div><div style="text-align: right;">quero sorrir<br /></div><div style="text-align: right;">quero beijar<br /></div><br />Quero gritar para os céus como eu te amo<br />e chorar no teu ombro<br />quero sorrir ao teu lado<br />quero beijar seus lábios<br /><br /><div style="text-align: right;">Quero você<span class="Apple-style-span" style="color: rgb(255, 0, 0);">.</span></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: left;">Enquanto estava preparando o prometido na carta do post anterior eu encontrei esta poesia perdida dentre os arquivos salvos de uma época que parece ter sido eras atrás. Não é minha melhor obra, tampouco a pior. Cabe a vocês decidirem se devo, ou não, me dedicar apenas à prosa ou se ainda há esperança para mim.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: right;">Se quiser, comente. Adoraria saber sua opinião.</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: left;">-Meu nome não é Níh;</div>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-28618776349548164642009-12-01T18:44:00.000-08:002009-12-01T18:52:16.749-08:00Carta ao leitorSaudações, carissímo leitor!<div><br /></div><div style="text-align: justify;">Fico feliz de estarmos nos vendo uma vez mais, ainda mais depois de tanto tempo separados! Claro que a culpa é toda minha, e vou aproveitar esta carta para me desculpa, mas, infelizmente, fui impedida a continuar a postar aqui nas últimas semanas (senão meses!) devido à imposições do sistema (morte ao vestibular!). Mas agora as férias chegaram e meu tempo livre se expandiu, ou seja, retornarei às minhas atividades anteriores (twitter, escrever, escrever, twitter).</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Antes de qualquer post com novas aventuras -ou desventuras- estou escrevendo este post para apresentar o novo Template (o que acharam?) e também para anunciar qual será a agenda do blog para os próximos dias. Dentro de 48 horas (não tão exatas assim) irei postar a versão atualizada das sete partes do Desventuras de Tardes Tediosas em um único post (ou quem sabe dois?) para que possíveis novos leitores se atualizem de maneira mais prática. Após este post, não será necessário mais do que um dia para que a jornada de Sarah, Dimitri e Hani volte a ser publicada, agora com menos interrupções (Aleluia!).</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Obrigada pela compreensão, meus caros! E peço também para que, se possível, contem aos seus amigos, vizinhos, primos, tios, cachorros, bem, qualquer conhecido sobre este blog para que ele se torne mais conhecido e freqüentado.</div><div><br /></div><div style="text-align: right;">Apertos de mão, abraços calorosos e sorrisos fugazes de sua escritora impontual, Nínive Leikis.</div><div><br /></div><div><br /></div><div>-Meu nome não é Níh;</div>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-50337646018777979652009-10-21T01:38:00.000-07:002009-12-01T18:24:12.636-08:00Desventuras de Tardes Tediosas - Parte VII<p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman"font-family:";font-size:12.0pt;">Saber que estava em pé diante da casa do possível líder daquele possível grupo organizado fazia-a se sentir ansiosa e desconfortável. Entrelaçava os dedos do pé, sobrepujando um seguido do outro. Arrancava a pele ao redor das unhas, mordiscava o canto dos lábios, tudo isso por ainda ter que esperar aquele maldito fanfarrão sair de dentro da casa do papai. Ela sabia com estava em pé sobre algo afiado e melindroso. Poderia estar tendo aquela sorte invejável de estar no lugar errado e na hora errada, mas ser encontrada pela pessoa certa, ou então estaria sofrendo daquele azar indiscriminado, podendo estar submetida não apenas ao encontro de três coisas erradas, como também todo um universo de artimanhas contra ela. Incrivelmente era muito mais simples avaliar a possibilidade do azar acima de tudo, do que a sorte nos cantos do prato.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman"font-family:";font-size:12.0pt;">Quando a porta se abriu e Dimitri a encarou novamente, ela não sabia o que fazer. Se estivesse em casa, segura pelas leis que conhecia, estaria despejando uma multidão de palavras impróprias e tapas superficiais, mas ali ela era uma estrangeira, que não conhecia nada, e ele...Bem, ele era o filho do chefe, né?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman"font-family:";font-size:12.0pt;">-E aí? – perguntou Hani, enquanto o amigoco colocava a bandana na cabeça.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman"font-family:";font-size:12.0pt;">-Ah, nada demais – ele estava descontraído, calhorda! Não custa nada ser direto, custa? – Quer que encontremos roupas, ela vai ficar na casa da sra. Diamantina e vai conversar com ele amanhã.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman"font-family:";font-size:12.0pt;">-Só isso? – Sarah não conseguiu se conter, e nem mesmo ficou vermelha quando os dois olharam-na.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman"font-family:";font-size:12.0pt;">-Você quer mais alguma coisa? – ele perguntou, debochado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman"font-family:";font-size:12.0pt;">-Não! – ela se apressou em dizer. –Não, não... Parece...ótimo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman"font-family:";font-size:12.0pt;">Dimitri riu do nervoso da menina, e novamente ela gostaria de estar em seu mundo, submetida às suas próprias regras. Mas não estava, pelo menos não aparentemente, então rendeu-se àquele destino momentâneo sem se debater mais.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman"font-family:";font-size:12.0pt;">-Vêm, eu te levo até a casa da Diamantina. Acho que vai gostar dela, é uma senhora que adora fazer as pessoas comerem... – ele e Hani riram, como se aquilo fosse para ser engraçado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman"font-family:";font-size:12.0pt;">-Você por algum acaso esta me chamando de gorda? – Sarah perguntou, irritada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman"font-family:";font-size:12.0pt;">-Ora, não seja presunçosa! Você não chega a ser gorda! Mas esta cheinha o suficiente para abrir o apetite de alguém com fome.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="mso-margin-top-alt:auto;mso-margin-bottom-alt:auto; text-align:justify;text-justify:inter-ideograph;line-height:19.2pt"><span style="font-family:"Times New Roman","serif";mso-fareast-Times New Roman"font-family:";font-size:12.0pt;">Ele falou como se aquilo fosse um elogio, mas ela sentiu o sangue ferver e desferiu um tapa sem pensar no ombro do rapaz. O som do tapa se ergueu no ar, tomando impulso e se lançando no chão seco. Ela estava furiosa e com lágrimas nos olhos. As lágrimas subiam de nível e as íris começaram a se afogar quando a água salgada vazou e ela virou de costas par aos dois. Nem Dimitri nem Hani sabiam o porque daquelas lágrimas, e nem mesmo ela saberia dizer porque se importara.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><o:p>"Mesmo que descuidado e esfarrapado, aquele jardim continha seu orgulho e sua história. E ele se mantinha de peito erguido, sorrindo sem alguns dentes, lembrando a todos de tudo que ele havia abrigado." - trecho de uma história sem nome (a mesma das citações anteriores)</o:p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><o:p>Meu nome não é Níh; </o:p></p>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-35381405633298298482009-10-05T17:16:00.000-07:002009-12-01T18:24:33.992-08:00Desventuras de Tardes Tediosas - Parte VI ( Toca dos Ratos )<p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Os olhos dela estavam dilatados enquanto ela tentava capturar cada detalhe do cenário diante de si. Sarah jamais havia visto algo como aquilo, já havia lido a respeito e visto desenhos ultrapassados, mas jamais havia estado em um local assim. Nunca havia sido capaz de tocar, ouvir e sentir os odores que enchiam o loca. E preferia que continuasse sem sentir, pois o cheiro era de condimentos, corpos suados e esterco. Dimitri a cutucou, fazendo um sinal para que ela o seguisse, e assim ela o fez, apenas o enxergando pelo canto do olho, estava ocupada demais tentando memorizar cada marca nas pedras e nas carroças.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Todos aqueles olhos estavam seguindo-o, alguns verdes, a maior parte quase pretos. As crianças a viam com curiosidade, e se aproximavam cuidadosamente, como se temessem se aproximar demais. Alguns pareciam prender a respiração para se aproximar mais e quase tocá-la, mas quando os olhos de mel os fitavam eles davam gritinhos e se afastavam, trombando em cestas empilhadas que se esparramavam. Quase sempre ela ouvia uma bronca em seguida. Os adultos não a olhavam com curiosidade, mas sim com o mesmo ódio e repulsa que Dimitri e Hani haviam lançado contra ela no primeiro momento em que a viram. Alguns desejavam distância, outros morte. Ela encolheu os ombros, intimidada, e apressou o passo para ficar mais próxima de Dimitri.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Ela percebeu que o círculo ovalado que era aquela estranha carvena aberta possuía um diâmetro maior do que ela havia imaginado a principio. Haviam rodas de quatro ou cinco carroças, ou casas com rodas, por toda a parte. Ruelas formadas por cestas, terra pisada e pedras incertas levavam os moradores para todos os lugares. Ao lado das carroças ou entre cercas baixas e não muito fortes havia todo tipo de animais, cavalos, alguns bois, galinhas, cabras e porcos. O cheiro do estrume enchia as narinas de Sarah, e o som dos cacarejos irritadiços irritava seus ouvidos. Ela sempre odiou galinhas, eram fedorentas e inconvenientes, e não muito gostosas. Além do mais, era impossível mantê-las presas. Sempre escapavam das cercas para bicar os seus dedos. Pensando nisso, ela passou a olhar com atenção também par ao chão, evitando as malditas parasitas de asas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;"> Ela notou que ao lado de cada entrada nas paredes havia uma tenda que poderia ser estendida até o extremo oposto, imaginou que aquilo servisse como uma porta, para que quem estivesse na caverna não visse a luz ou as sombras do vilarejo improvisado, e se afastasse. Ao mesmo tempo que tudo aquilo parecia uma casa de hippies, também parecia um refúgio, do tipo que ela lia a respeito em livros medievalistas ou em filmes com o Mel Gibson.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">No centro da toca havia uma carroça pintada de vermelho, verde e preto. As rodas eram maiores e havia dois cavalos ao lado dela, pastando. Dimitri fez um sinal para que ela esperasse do lado de fora e puxou a bandana, fazendo-a se solta e cair por seu rosto. O cabelo preto tinha cachos bem definidos e pesados, criando cortinas escuras no rosto bronzeado. Ele afastou o cabelo antes de bater na porta e entrar, subindo um degrau alto e fechando a porta. Hani ficou ao seu lado, tentando, assim como ela, ouvir o que acontecia lá dentro.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Quem mora ai? – ela perguntou baixinho para o rapaz de cabelos pretos curtos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-É o “pai” do Dimi – ele respondeu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Pai? Para que ele tinha ido falar com o pai? Ele ia desposá-la, por acaso? Se fosse assim, ele devia falar com o pai dela. Ou melhor, com ela! Mas não fazia sentido nenhum ele querer casar com ela, afinal, ela era uma “branca”, como ele e Hani haviam feito questão de destacar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Para que ele foi falar com o pai? E porque estamos sussurrando? – ela perguntou, e Hani quase riu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-O “pai” dele é o que você poderia chamar de chefe.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Ele é o filho do líder?! – a voz de Sarah se elevou, e Hani segurou com força uma gargalhada, concordando com a afirmação da garota.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Ela sabai que seus olhos haviam se dilatado de novo e seu coração disparado com a novidade. Se as coisas continuassem daquele jeito, ia enfartar antes de seu pai.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;">"Seu coração arfava desesperado e ele sentiu os olhos se aquecerem e vazarem." - sentimentos de Joey em uma história ainda sem nome (é a mesma da citação do post anterior)</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Meu nome não é Níh;</span></p>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-46836965430284768542009-10-01T17:40:00.000-07:002009-12-01T18:25:01.735-08:00Desventuras de Tardes Tediosas - Parte V<p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Quando os três terminaram de comer Hani apagou a fogueira e Dimitri recolheu as poucas tralhas que eles tinham espalhadas. Havia duas sacolas que deviam estar escondidas dentre as árvores quando eles a encontraram, e agora eles a amarravam na sacola.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Vista isso – Dimitri lhe estendeu um casaco masculino azul escuro, com botões de bronze e abotoaduras nas mangas – Você esta ensopada, e a última coisa que eu quero é uma garota gripada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Enquanto ele lhe passava o casaco, tomou-lhe a coberta, enrolando-a e amarrando-a a sacola em suas costas. Além das folha,s o sol já havia se posto e uma lua crescente brilhava no céu com poucas estrelas. Eles caminharam para dentro da floresta durante pelo menos duas horas. Os pés de Sarah ardiam, machucados pelos gravetos quebrados e pelas folhas que estavam começando a se secar. O cabelo estava duro, devido a água e a sujeira, e ela conseguia sentir seu próprio cheiro. Para onde quer que eles estivessem indo, ela realmente esperava que houvesse algo como um banho. Quando quase não conseguia mais caminha, uma parede de pedras surgiu diante deles e ela temeu estarem perdidos. Hani olhou para Dimitri, que olhava para o extremo de cada lado do paredão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Ali – ele disse, virando a esquerda e caminhando mais quinhentos metros.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Escondido na sombra das rochas e por plantas trepadeira, havia a entrada de uma caverna, ou de um túnel. Hani se mostrou satisfeito com a visão, e tomou a dianteira, afastando os ramos de planta e adentrando a escuridão sem medo algum. O mais velho lhe deu passagem cordialmente, e ela seguiu o primeiro. Não sabia para onde ia, sequer conseguia enxergar as paredes ao seu redor. A única coisa que sabia é que não haviam mais plantas no chão, e poucas pedras pequenas trombavam contra os seus pés descalços. Após vinte cinco minutos o som de vozes, música e passos agitados começou a vir da direção que eles caminhavam<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Estamos perto! – anunciou Hani, alegre.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Ela ouviu os passos dele se apressando e sentiu Dimitri ao seu lado, apressando-a. Os sons ficavam mais altos, e vozes começaram a se distinguir. Até que eles conseguiram ouvir frases completas e uma luz quente atacou o rosto da garota, que protegeu-o instintivamente. Piscou várias vezes, sentido as lágrimas que surgiam cuidadosas. Quando conseguiu abrir os olhos o que ela viu a deixou boquiaberta. Era como se tivessem cavado no meio das montanhas um lugar aconchegante para não muitas pessoas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Era uma vila arredonda, com paredes do tamanho de edifícios cercando-as. Várias aberturas surgiam nessas paredes, de onde vinham e iam pessoas vestidas com roupas coloridas e espalhafatosas. A maior parte não usava sapatos, e as casas eram de madeira e sobre rodas, como carroças adaptadas. Algumas tendas abertas estavam montadas, e dezenas de pessoas circulavam ali, crianças, adultos e idosos; todos apressados e espalhafatosos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Seja bem vinda, estrangeira – disse Dimitri, um sorriso orgulhoso nos lábios travessos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Bem vinda à onde? – ela perguntou, virando a cabeça para todos os lados.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Ele riu gostosamente, sem se surpreender.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Ora, bem vinda a Toca dos Ratos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;">"Ela se parecia com uma lanterna antiga, a chama quente e forte escondida atrás de portinholas de aço." -mais uma história sem nome ainda.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;">Meu nome não é Níh; </span></p>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-192584289073124212009-09-22T19:32:00.000-07:002009-12-01T18:25:12.899-08:00Desventuras de Tardes Tediosas - Parte IV<p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Quando ela era mais nova, se lembrava claramente que adorava gastar seu tempo com ambos os pais. Sentava-se entre eles no amplo sofá da sala e os obrigava a passar as tardes nebulosas assistindo desenhos animados. Nas tardes de sol, os arrastava até qualquer parquinho que houvesse e não permitia que eles se afastassem demais, ou tivessem seus momentos a sós. Apesar disto, eles sempre estavam sorrindo. Boa parte do tempo, a abraçavam calorosamente, e riam em uníssono. Faziam piqueniques na cozinha quando a mesa parecia muito chata, e tomavam café da manhã na hora do jantar quando não tinham fome o suficiente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Aquela era sua rotina, escola, amigos e risadas em casa. Um dia, simplesmente, seu pai não sorriu mais. Suas respostas eram ríspidas, seus modos grosseiros. Sua mãe e ele discutiam quase sempre. Ou melhor, a mãe dela discutia, o pai parecia ignorá-la completamente. Desde então, ela passou a passar o máximo de tempo possível no colégio. Evitava ficar em casa. Via o sol se por com os meninos no campinho de futebol, apesar de ser péssima nisso. Voltava pra casa na hora do jantar, e subia para o seu quarto, para estudar. Fechava a porta e ligava o som no volume mais alto, para não ouvir os gritos e as lágrimas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Quando abriu os olhos, todo seu corpo estava doendo e paralisado. Estava deitada de barriga para cima encarando a copa das árvores. O cabelo molhado deixava sua nuca gelada, mas havia algo cobrindo o corpo imóvel. Piscou algumas vezes até conseguir respirar profundamente e mover os braços, apoiando-se nos cotovelos e olhando ao redor. Havia uma manta de lã sobre seu corpo, aparentemente feita por retalhos de várias outras mantas. Estava entre árvores altas e densas, e ainda conseguia ouvir o som de uma chuva rala caindo bem acima de sua cabeça. Há quatro passos havia uma fogueira acesa, crepitando cuidadosamente na escuridão da floresta. Os dois rapazes que havia visto mais cedo estavam sentados ao redor dela, conversando calmamente, sorrisos negligentes nos lábios rachados.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Bom dia, bela adormecida – falou o rapaz que havia tampado sua boca e apontado uma arma para sua cabeça.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Foi mais rápido do que ela, sua mãe ergueu-se até sua testa e esfregou-a, buscando o buraco que deveria estar ali, ou ao menos alguma atadura. Não havia nada, nem mesmo sangue seco ou algum relevo anormal. Os dois riram baixinho.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Incrível como nossos ouvidos nos pregam peças, ham? – ele disse, lambendo os lábios sinuosamente até que, repentinamente, o som que havia atordoado seus ouvidos e feito-a cair de joelhos soou novamente. O som vinha de dentro da boca dele, moldado pelos lábios. – Bem legal, não acha?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Legal? – ela exclamou nervosamente. – Eu diria de mal gosto, isso sim!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Os dois riram baixinho, o mais novo deu de ombros.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-As garotas são sempre as chatas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-E os garotos os idiotas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Os dois se encararam por alguns minutos, da mesma maneira que ela encarava os garotos da escola que resolviam comprar briga com ela ou com alguns dos outros “nerds”. E nesses momentos sempre existe um observador, que, após um minuto se cansa, e ri, faz um comentário desconfortável ou simplesmente se afasta. Desta vez, o observador riu da situação e tirou um pedaço de madeira que tinha um pedaço de carne espetado de dentro da fogueira.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Esta pronto – ele falou, indo até ela e estendendo o espeto. –Não é exatamente a melhor coisa que você já comeu, mas aposto que esta com fome. – ela fitou desconfiada o pedaço de carne, hesitando em esticar a mão e pegá-lo. – Aliás – ele falou, quando ela finalmente segurou o graveto – Eu sou Dimitri, e esse é Hani.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">Os olhos de mel encararam os olhos de quartzo na penumbra criada pela luz incerta do fogo. Quando ele estava virando-se, a voz dela nasceu do fundo da garganta e saiu rouca.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Sarah – ela disse, fazendo-o virar a cabeça e olhá-la novamente. –Meu nome é Sarah.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">As bochechas brancas se tornaram rosadas quando ele mostrou um sorriso estreito e provocador.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Muito prazer, estrangeira.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;">"Ela tentou abrir a boca e dizer uma dezena de palavras deseducadas, mas o sangue escorreu pelos dentes e pelos cantos de seus lábios. Tossiu bastante até ofegar e abaixar a cabeça, desistindo de tudo aquilo." - sem título ainda.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;">Desculpem-me pela demora x3~ Mas agora estou de volta...Me aguardem.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;">-Meu nome não é Níh;</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman', serif;color:#FFFFFF;"><br /></span></p>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-10041720470202477632009-08-08T12:08:00.000-07:002009-08-08T12:10:08.115-07:00Luzes de Natal<div>Acima das cabeças adolescentes o sol se punha. Apenas um dos quatro pares de olhos se ergueu para ver o acontecimento rotineiro, todos os outros continuaram a olhar o que já estavam olhando. Todos os dias acontecia um pôr do sol, poderiam ver o do dia seguinte, afinal. Os carros passavam velozes na avenida, enquanto os risos se erguiam como o canto da cotovia, enchendo a cidade cinza, grande e suja de alegria. Aquela alegria jovial e despreocupada de quem não tem nada a perder, com um mundo de possibilidade estendido a frente como um tapete vermelho. Naquele fim de tarde, não haviam pensamentos ruins. Somente planos. Planos, planos e mais planos.</div><div><br /></div><div>---</div><div><br /></div><div>Os prédios vomitavam as pessoas, expulsando-as sem paciência, agora que não eram mais necessárias. Era hora dos trabalhadores voltarem para casa, cozinharem para os filhos e dormirem, pouco e mal, pois o corpo doía e o despertador logo acabaria com seus sonhos sutis. Mas para os jovens a noite ainda estava começando, poderiam fazer o que quisessem por mais três seguras horas. Poderiam fazer planos despreocupados enquanto perambulavam pela rua mais iluminada, movimentada e bela daquela cidade. </div><div><br /></div><div>Mas, naquele dia, fizeram outros planos.</div><div><br /></div><div>Entraram na fila dos infelizes, rindo do cinza que os cercava, um ponto de luzes fracas no meio da cidade escura. Luzes de Natal remanescentes do feriado que havia partido há tempos, e ainda faltava muito para chegar.</div><div><br /></div><div>---</div><div><br /></div><div>O calor, o cheiro, o som. O mundo girava, as cabeças pesadas. Um corpo quase desabou, mas não havia espaço para tanto. O mundo adulto é mais bonito visto de fora. Num suspiro de desespero, uma esperança ligeira de que pudessem escapar, saltaram para fora do monstro de metal e rodas. Mais tarde aqueles olhos que avistaram o pôr do sol desejariam estar dentro do estômago quente e desconfortável, do que na liberdade periculosa das ruas.</div><div><br /></div><div>---</div><div><br /></div><div>De onde eles vieram? Quando chegaram? Ela não saberia dizer. As bolsas estavam penduradas nos ombros, presas ao corpo, retidas pelas mãos. Mas eles não precisaram de muito.</div><div><br /></div><div>"Passa tudo".</div><div><br /></div><div>Os olhos do pôr do sol fitaram suplicantes aqueles olhos frios de quem nunca havia sido uma luz de Natal. Um mísero sussurro. Uma súplica. </div><div><br /></div><div>"Não, porfavor".</div><div><br /></div><div>Não houve tempo para que um vagalume brilhasse naqueles olhos. Um segundo depois, não havia uma bolsa em seu ombro. Ele estava correndo, se afastando. Mas algo o deteve. A garganta ficou seca, a mão rondava o bolso. Sua conexão com o mundo, o celular estava distante demais, não seria seguro. Nenhum palavrão veio a sua mente naquele instante. A fantasia não estava ali agora, maldita fosse.</div><div><br /></div><div>"Passa a bolsa!"</div><div><br /></div><div>Um movimento sem compromisso, algo que havia feito milhares de vezes. Girou a alça em volta da cabeça e deixou o peso residir em uma das mãos. Ele puxou toda a carga e saiu correndo. Os carros buzinaram, desviaram, e ela ficou vazia.</div><div><br /></div><div>"Pra dentro" empurrou a outra estática, duas estátuas de cera, uma que fala, uma que pensa em chorar. Passos largos, os celulares chamando socorro. Pura formalidade, não adiantaria mesmo.</div><div><br /></div><div>Que bom que a fantasia não estava ali, ela é pura demais para esse tipo de coisa. Ficaria traumatizada, e escura. E agora seria o único refúgio das luzes de Natal quebradas.</div><div><br /></div><div>---</div><div><br /></div><div>Um presente de sua falecida avó. Escritos carinhosos e secretos. Algo de valor supérfluo, mas guardado do lado do coração. Dez reais. Algum documento... Foi tudo que aquele par de luzes de Natal perdeu.</div><div><br /></div><div>A carteira. A bolsa. Documentos. Segurança... Foi isso que o outro par de luzes de Natal perdeu.</div><div><br /></div><div>Dinheiro. Uma conquista. Amor próprio e pelos outros... Foi isso que o terceiro par de luzes de Natal perdeu.</div><div><br /></div><div>O último par de luzes de Natal não perdeu nada. Mas ele estava do lado de lampâdas quebradas, sem energia. Um par de luzes se movia sem pensar, fazia o que tinha que ser feito. O outro chorava. O outro berrava. Os pares de luzes de Natal se dispersaram.</div><div><br /></div><div>---</div><div><br /></div><div>A noite, a cena se repetiu uma dezena de vezes. Uma dezena de infinitas vezes, a cena desfilou. Uma tragédia minúscula, uma besteira.</div><div><br /></div><div>Poderia ter sido pior, eles poderiam ter se machucado. Todos poderiam ter se machucado. Poderia ter perdido algo mais importante.</div><div><br /></div><div>---</div><div><br /></div><div style="text-align: left;">Alguns dias depois, o par de olhos que fitou o pôr do sol o fitaria novamente. Os lábios sorririam tímidos, felizes por estarem diante daquele céu alaranjado novamente. As luzes de Natal reacenderiam com o tempo, enquanto a fantasia abraçava a estátua de cera, deixando-a mole, derretendo-a para transformá-la em outro material. Um mais sólido, resistente, e nem por isso menos belo.</div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: left;"><br /></div><div style="text-align: right;">Dei uma parada no "desventuras" porque precisava postar este texto...Logo mais posto a versão inglesa. Baseado em fatos reais que ocorreram comigo. Espero que gostem...e comentem!</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: left;">Meu nome não é Níh;</div><div><br /></div><div><br /></div>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-13595468183153411012009-07-22T12:27:00.000-07:002009-12-01T18:25:24.982-08:00Desventuras de uma tarde tediosa - Parte III<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Dois passos fizeram com que o metal frio tocasse sua testa, e arrepios involuntários espalhassem-se por seu corpo. Uma vez mais, engoliu de maneira dolorida a saliva que concentrava-se na boca fechada de lábios secos. Ele não parecia sentir dúvida alguma, enquanto ela definhava diante do medo e do terror. O rapaz atrás dele sorria, um sorriso de moleque satisfeito, como se tivesse feito uma armadilha para um coelho e ele estivesse a passos inquestionáveis de cair nela. Garotos podem ser cruéis. Queria falar alguma coisa. Explicar, se justificar. Pedir desculpar e salvar sua pele daquela situação. Mas não conseguiria fazê-lo. As palavras eram incapazes de se formar, e ela incapaz de proferi-las. não abaixou a cabeça, devido a paralisia do pânico. Mas seus olhos tentavam fixar-se nas folhar das árvores que formavam o plano de fundo, no entanto não havia concentração suficiente no mundo para desviar sua atenção do resultado iminente.</span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Minutos arrastaram-se, e uma fagulha de esperança surgiu. Uma minúscula fagulha que foi o suficiente. Quando as palavras começaram a emergir, algo cortou o avanço... Um som sublime arrancou a paz da floresta, e os pássaros afastaram-se grasnando e piando, desesperados...</span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">...</span><i><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">POW!...</span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></i></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Ela sentiu suas pernas tremerem e os braços despencarem ao lado de seu corpo, sem força. A cabeça ficou extremamente quente, enquanto o corpo todo estava gelado. Perdeu a força nos membros inferiores e sentiu o joelho chocar-se com as folhas mortas e úmidas.</span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">Dizem que quando estamos diante da morte, podemos ver nossa vida passar diante de nossos olhos. Por um instante, ela viu o rosto de sua mãe, mas este não tardou a evaporar e abandoná-la naquela lugar estranho e absurdo. Um único pensamento flutuou em sua mente.</span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">“Que vida mais sem graça foi essa...”</span><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><o:p></o:p></span></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;"><br /></span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';"><span class="Apple-style-span" style="font-size:small;">"Sim, devemos nos lembrar sempre disso. Mas a vida é trapaceira. Ela nos ilude e nos cega, e sempre esquecemos de sua irmã perpétua. Eu me esqueci, e, quando estiver feliz como eu estive, também esquecerá." - While your lips are still red: O Conto -by me</span></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';">-Meu nome não é Níh;</span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="Times New Roman","serif"; color:black;mso-themefont-family:";color:text1;"><o:p> </o:p></span></p>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-52491716616410335442009-07-07T19:39:00.001-07:002009-12-01T18:25:48.115-08:00Desventuras de uma tarde tediosa - Parte II<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">-</span><span style="font-family:";">Calada – sussurrou a voz, cuidadosamente, em seu ouvido.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">Era uma voz masculina e grave, que parecia nascer no meio da garganta e vir à tona de maneira gutural. Não era necessário muito esforço para perceber que o dono da voz também era o dono das mãos e dos braços que a calavam e a imobilizavam. Ele a fez erguer-se um pouco do chão, mas não o suficiente para que ficassem eretos. Ambos agachados rastejaram para trás de um caminho de arbustos que crescia nas bordas da estrada de terra e pequenas pedras na qual ela se encontrava. Uma vez por detrás das folhas ela foi obrigada a se ajoelhar com o homem ao seu lado, ainda com a mão sobre sua boca e o braço passando por debaixo de seus seios. Ele a detinha com menos força, atento ao observar por entre as pequenas e numerosas folhas o caminho no qual estava há pouco.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">Curiosa como apenas uma adolescente é capaz de ser, mesmo que numa situação de perigo, ela se esforçou para superar a barreira natural, e ver o que ele via. Após pouco mais de dois minutos um grupo se aproximou do exato lugar onde ela havia despencado de joelhos. Dez homens formavam-no, um sobre um cavalo e todos os outros a pé. Chapéus semelhantes àqueles usados por volta do século XV cobriam cabeças nas quais perucas brancas e antiquadas encontravam residências. O homem sobre o cavalo, além de pomposo e uma expressão de absoluto nojo em relação a tudo que o cercava carregava uma estranha bandeira que ela nunca havia visto antes. Com franjas douradas nas bordas, e dividida ao meio pelas cores vermelho e preto, havia um brasão ao centro no qual duas espadas renascentistas cruzavam-se, uma gigantesca água estava pousada em suas lâminas, uma coroa em sua cabeça e uma estranha e assustadora expressão nos pequenos olhos bordados em linho e algodão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">Todos os casacos vermelhos com botões negros levavam o mesmo brasão, assim como os chapéus e as espadas que encontravam-se nas cinturas dos soldados. Eles marchavam uniformemente carregando estranhas armas, semelhantes a espingardas. Apenas quando eles se afastaram e o som dos cascos do cavalo batendo nas pedras e na terra molhada tornou-se distante e imperceptível quando um farfalhar de folhas, que o homem ergueu-a de trás dos arbustos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">-Fique quieta só mais um pouco – ele falou, sua voz encontrava-se em um tom extremamente baixo e ele guiava-a de costas para longe do vilarejo. <o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">Após cerca de dez passos a garota que encontrava-se praticamente de pijamas notou que árvores começaram a surgir ao seu redor, eram dezenas dela se não demorou para que um verdadeiro bosque a cercasse. As copas das árvores eram tão grandes e densas que a chuva não conseguia vencê-las, e caia como um chuvisco ocasional no chão coberto de folhas mortas e amarronzadas. O homem de face desconhecida a soltou repentinamente. A perda de apoio fez com que ela cambaleasse e quase caísse sentada no chão macio. Seus dedos do pé, agora lilases, estavam imundos com a lama e fragmentos das folhas mortas, a visão lhe causou uma pequena onda de ânsia. Balançou a cabeça, agitando os longos cabelos encharcados e espalhando água para todos os lados, como um cachorro extremamente peludo após o banho.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">Ergueu a cabeça para ver quem que havia imobilizado-a e, aparentemente, arrancado-a de uma situação complicada. Surpreendeu-se imensamente ao notar que o homem que encontrava-se há cinco passos de distância aparentava ter cerca de vinte anos e utilizava roupas curiosas e ultrapassadas. Quer dizer, ele usava mangas bufantes em uma camisa de linho barato, haviam várias pulseiras de couro enroladas no pulso um pouco magro, as calças verde musgo eram um pouco grudadas, e até curtas demais para os padrões aos quais ela estava acostumada. Havia brincos de argola dourados pendurados em suas orelhas, e colares de ouro velho no pescoço, além de uma bandana preta com bordados vermelhos feito a mão na cabeça, ocultando a maior parte do parecia ser uma cabelo preto e cacheado. Ele não parecia o tipo de rapaz que freqüentava a faculdade, nem mesmo as faculdades mais estranhas como a de artes cênicas, ou artes plásticas. Não, ele parecia um personagem de filme de época, o cara que dança na praça tocando uma flauta, um tambor, uma gaita, ou algo do tipo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">Seus olhos eram como um par de quartzos negros eram pontudos sem ser polidos, profundos e exuberantes e duros como a própria pedra, fixos nela com receio e uma pitada de ódio acumulado. A garota recuou, sem perceber realmente o que fazia. Estava ensopada com a chuva de seu lar e deste, apesar de as gotas serem incapazes de continuarem atingindo-a. Ele parecia tão intrigado a respeito de seus trajes quanto ela a respeito dos dele, e nenhum disse nada enquanto encaravam-se, ele forte e confiante, cheio de rancor; ela encolhida, duvidosa e até mesmo um pouco amedrontada. Depois de poucos mais que dois minutos encarando-se, foi ele que se pronunciou. A voz ainda gutural tinha tanta ameaça quanto da primeira vez que ela a ouviu, e parecia ainda mais intimidadora agora que ela encarava as feições joviais do jovem que assemelhava-se de maneira assustadora aos nômades medievais.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">-O que uma branca faz longe de casa?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">A pergunta fez com que ela se sentisse ligeiramente ofendida, não que não fosse branca, sabia que era, pálida como um fantasma e com olheiras gigantescas e arroxeadas ao redor dos olhos castanho-mel. Mas o que ela ser ou não ser branca tinha haver com o fato de estar longe de casa? Pensou em uma dezena de respostas mal educadas para dizer, mas não lhe pareceu sensato, portanto, quando começou a abrir a boca para retrucar, mudou de idéia, recuando o corpo e fechando a boca repentinamente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">-Digna demais para responder? – ele falou, um sorriso cafajeste e ofendido surgindo nos lábios escuros. Os dentes eram escurecidos e, um deles, dourado. Levou a mão direita para as costas e, quando esta retornou, havia uma pistola entre os dedos, apontada diretamente para a cabeça dela. – Será que agora vou ouvir sua vozinha aguda?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">Os olhos dela alargaram-se instantaneamente, igualmente por medo quanto por surpresa. A pistola que lhe era apontada era extremamente rústica e antiquada, remontando o período renascentista. Feita de madeira e de ferro, era movida a pólvora e usava balas gigantescas e pesadas. Mas, apesar de agora ele parecer um personagem de um filme em sépia, sua expressão não continha um pingo de brincadeira, era dura, séria e com um “que” de descontrole.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">-O...olha aqui! – ela começou, tentando recuperar a postura e mostrar que não sentia medo, mesmo que o fizesse. Mas não teve tempo de começar seu teatro sem ensaio, o som de folhas sendo afastadas próximo fez com que os dois, sobressaltados, olhassem para o lado, o rapaz em um dilema cruel: não sabia se continuava a mirar nela, ou mudava o alvo de sua pistola para aquele que se aproximava.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">Dentre um grupo de árvores e arbustos surgiu um rapaz um pouco mais novo que ele, com roupas extremamente parecidas. Sua camisa era vinho e a calça branca, não trazia nenhum lenço em sua cabeça, mas um em seu pescoço e tinha os pés descalços, ao contrário do outro que usava botas gastas e velhas. Quando o rapaz que havia imobilizado-a notou quem se aproximava, voltou a encarar a adolescentes molhada a sua frente. “Ótimo...” pensou, com uma careta se formando “são amigos.”<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">-Olha, uma branquela. – o mais novo disse, com um risinho indecente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">O destaque diante da ausência de pigmentação em sua pele estava começando a aborrecê-la. E daí se era branca como um fantasma? Existem muitas pessoas que também são assim, existem pessoas até mesmo piores do que ela, e disso tinha certeza. Seu sangue estava fervendo cuidadosamente, até chegar ao ápice da estupidez adolescente e, cega de frustração, ignorou completamente a pistola ainda voltada para o seu rosto.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">-Qual é o problema de vocês, seus ultrapassados? Preconceito é ridículo, além de moralmente condenável! Ficaram presos na época dos seus avós, é? Viados!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family:";">Sua voz saiu alta, como um grito solitário em um abismo vazio. Sua voz se perdera entre as árvores, que funcionavam como um isolante sonoro, mas os rapazes diante dela ouviram muito bem as ofensas declamadas em uma voz realmente aguda, dançando em um sotaque desconhecido. O peito subia e descia pois agora estava ofegante, falara tudo depressa demais, esquecendo-se de respirar. O coração acelerado quase parou quando ela os pares de olhos que a encaravam. Um par, o do mais velho, eram quartzos congelados e furiosos, enquanto o do outro encontravam-se pontiagudos e ameaçadores. Estava mais pálida que o normal, o sangue fugia-lhe do rosto e deixava suas pernas bambas. O “clic” da pistola sendo preparada ecoou entre as árvores, fazendo alguns pássaros saírem de seus esconderijos.<o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';">-Para minha fã especial, que cuida de me perturbar diariamente, mas a quem eu amo tanto. Mande-me suas obras. Esse post é pra você, Tatii =3</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';">-parece que ainda terão várias partes, aguardem.</span></p><p class="MsoNormal" style="text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="font-family:'Times New Roman';">-meu nome não é Níh;</span></p>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-7713364329536898092009-06-02T11:08:00.000-07:002009-06-02T12:50:20.693-07:00Desventuras de Tardes Perdidas<div align="justify">A chuva caía insolente, jogava-se contra as janelas e esparramava-se pelo vidro, fazendo-se de íntima. Os olhos da menina seguiam as gotas suicidas em sua queda de fim próximo, perdendo-as de vista poucos segundos após concentrar-se em uma nova, e, sempre que o fazia, buscava uma nova na multidão que se arremessava das nuvens neste mundo ingrato. Debruçada no parapeito, fitava o horizonte sem vontade ou determinação. Os cabelos lisos caiam sobre os ombros, o queixo encostado na madeira, a respiração criando enormes manchas embaçadas no vidro, que dissipava-se tão rápido quanto ela podia respirar. Os braços estavam caídos ao lado do corpo curvado, e ela mexia na calça de flanela que cobria as pernas roliças. A casa estava vazia, e o silêncio desfilava sem preocupação pela sala, cozinha e quartos. Imperava sem ameaça, exceto pela chuva que trovejava lá fora.<br />Quando era mais nova, tinha medo da chuva. Em uma tarde como esta, estaria em seu quarto, encolhida sob as cobertas, abraçando um de seus muitos bichinhos de pelúcia e escondendo o rosto na barriga deste. Mas agora estava grande demais para tais infantilidades, mesmo que os bichinhos continuassem espalhados por todo seu quarto, empilhados em prateleiras, na cama, largados no chão, chutados pelas gavetas e por ela. Tinha muita preguiça de ir até a cozinha fazer um pouco de chocolate quente para aquecer o peito e a barriga. A distância entre a sala e o quarto era gigantesca, portanto continuaria com os pés brancos de frio e as unhas roxas pela friagem, se ficasse doente ainda seria melhor, não precisaria ir para a escola. Os cadernos e livros estavam preparados sobre a mesa de carvalho maciço, a lapiseira largada em cima da folha de linhas azuis, onde já havia algumas palavras escritas, mas ela não tinha interesse algum em ir estudar. Perda de tempo, irritante e nauseante. Faria-a sentir sono, e isso era a última coisa que queria: sentir sono. Não agüentava mais dormir pelos cantos, perder suas tardes sob as cobertas, deixando o mundo passar enquanto ela dormia.<br />Exausta de sua própria inutilidade, ergueu as costas. A visão exaustiva do campo sem nada que vinha depois de sua casa deixava-a doente, a grama indistinta que crescia horrorosa, e jamais era aparada, a colina sem romance, sem árvore e sem balanço de pneu. A garagem vazia, e os estudos atrasados. O quadro de sua vida parecia uma grande porcaria visto dali, e desistiu de pensar. Levantou-se e olhou as roupas velhas que cobriam o corpo acima do peso, rondou com os olhos as redondezas dentro da casa, e pareceu satisfeita em comprovar que realmente encontrava-se solitária naquela tarde vazia.<br />Abriu a porta sem pensar mais de uma vez, deixou o vento gélido furar sua carne com as agulhas da friagem e não retesou-se. Fechou a porta as suas costas e pulou descalça na grama molhada. A água cobria-a, abraçava-a e tirava-a para dançar. Girava sem pensar na chuva, os olhos semi abertos, sentindo a água molhar seu cabelo, seu rosto e seu corpo. Os braços abertos par ao céu, abraçando-o com carinho, cariciando-o, assim como ele acariciava-a. Permitiu que as água lhe tocassem e a rendessem, e permaneceu ali por longos minutos, correndo na grama molhada, enchendo-se de lama e grama úmida. Correu colina acima, ignorando o pinicar do mato alta que cutucava seus pés e suas panturrilhas. Foi até o alto, e girou, ficando de frente para as casas enfileiradas, de braços abertos e olhos fechados. Gritou, alto e ruidosamente, a plenos pulmões. Queria que todos, e que ninguém, a ouvisse. E berrou longamente na chuva estrondosa, e somente quando a voz lhe faltou e a garganta aranhou é que arqueou o corpo e, num impulso, alegre, abriu os olhos para ver o resultado de seus gritos mudos.<br />E não foram apenas seus gritos que neste momento permaneceram mudos. Todo seu corpo emudeceu diante de uma surpresa inquieta, e, sem palavras, ela despencou. Sentada na lama, com as roupas sujas e molhadas, o corpo enregelado que pensava poder contar com um banho quente encolhido, os lábios secos e as mãos trêmulas.<br />A chuva ainda despencava tolamente, mas não sobre sua casa e sobre a de seus vizinhos enfadonhos. Ela despencava sobre um pequeno vilarejo onde as casas eram feitas de pedra e madeira, as flores bebiam contentes da chuva incessante, a grama aparada e bela brilhava na torrente constante, e ela podia ver a luz de velas ou lareiras escapar pelas janelas redondas. e, antes que pudesse erguer, uma voz foi ouvida, e ela apenas não gritou pois uma mão bem maior que a sua tampou sua boca, e outra rodeou seu tórax, imobilizando-a.<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /></div><div align="right">-estava calada, perdida e querida. estava sozinha e acompanhada. estava inspirada, sem fonte adequada. escrevi sem pensar, e torci para ser belo. dediquei àqueles que me querem como sou, àqueles que me abraçam em qualquer situação, àqueles que me ouvem rir e me ouvem chorar, reclamando mas permanecendo. dediquei ao meu coração e ao de vocês. beijei os dedos e as páginas, e não chorei por isso.</div><div align="right"> </div><div align="right"> </div><div align="right"> </div><div align="right"> </div><div align="right"></div><div align="right">-Meu nome não é Níh;</div><div align="right"></div>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-74775246283352524432009-05-24T07:18:00.000-07:002009-05-24T07:31:55.473-07:00Mais um Velório<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Existem livros que me fazem chorar. Mesmo que os ame, o coração se aperta, as mãos esfriam e as lágrimas brotam. Afasto-o de mim sem deixar de tentar lê-lo, temo manchá-lo com água e sal. Por trás da cortina embaçada de água salgada despejada releio as palavras já decoradas que me causam angústia e sofrimento, mas, ao mesmo tempo, sublimação. A beleza da composição a doçura do significado. O desejo ardente de conseguir fazer como, de tocar como me tocaram, e saber que alguém decifra sem medo da dor premeditada as palavras escritas por mim. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Nunca re-li trechos de alegria em minha curta existência. São os trechos lacrimosos de sombria loucura que me atraem, que me fazem ter coragem de rever o conhecido e despejar sobre o destino minha tristeza iminente. Na vida real, lágrimas curtas foram despejadas. Não choro nas mortes de conhecidos de carne e osso, choro por decepções e raiva, mas a perda jamais me fez chorar, apenas a perda das páginas é capaz disto. <span style="mso-tab-count:1"> </span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Quando leio o sofrimento de outrem, o sofrimento real e profundo, não o da carne, mas o do espírito, este sim me corta o coração, me estupra a alma e me amortece os sentidos. Não sinto mais o cheiro de nada, nem ouço nada. Sinto apenas frio e sinto-me isolada, no vácuo. Perdida no espaço, sentada com um livro nas mãos, afastado do rosto pendido para que não se manche com as lágrimas inconseqüentes que escorrem dos olhos desacostumados. </p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Livro-me dos óculos e, mesmo que as palavras sejam borrões, são borrões decorados que decifro sem problemas. Não preciso lê-los para saber o que dizem, e não preciso fazê-lo para me lembrar da sensação. De como aquela menina solitária manchada em fuligem declarava seu amor juvenil ao amigo falecido, envolto em cinza e morte, carregado por uma figura invisível. <span style="mso-spacerun:yes"> </span>Penso em quantas oportunidades perdidas de declaração sincera existiram, e choro ao perceber que não haverá uma segunda chance, e que um dia esta segunda chance faltará a mim da mesma maneira. Vejo a menina cair em desalento, mais uma vez solitária e vomitada no mundo, jogada ás traças sem lar nem companhia, pois todos que a receberam depois de perder tudo pela primeira vez se foram. Ela perdeu tudo novamente. E a sensação da desgraça repetida me corrói e me corrompe. Me destroça e me remonta. Revivendo das cinzas junto com a menina que insiste, pois da velha vida nova sobra uma semente que lhe abraça e lhe dá carinho. Não cura as feridas, mas as disfarça. As cicatrizes persistem, mas há uma maquiagem convincente que esconde o verdadeiro terror da criança. Os livros caídos pelo quarto, a tentativa insistente de ficar de pé. As cinzas e os cadáveres. Tudo feito de fuligem e câmeras velhas. O tear enroscado e um acordeão silencioso. A dor de uma leitora que se funde com a outra. Me lembrei do sofrimento dela como se fosse o meu, e vivi uma guerra antes de meu tempo. Eu vivi e morri uma dezena de vezes, mas ainda não me acostumei, nem com uma, nem com a outra.</p> <p class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Eu chorei pela manhã nos braços Dela, mas não deixei que me levasse, pois não era a minha hora, e não era meu corpo e nem o deu meu coração que estava envolto em fuligem e em morte. Chorei junto com ela pela missão estúpida e injusta, me perdi no remorso dela, e assumi como se fosse meu. Chorei pelos que assassinei, e pensei se mais alguém choraria sobre seus túmulos. Fechei a capa e esfreguei as lágrimas, não permitiria que me vissem de tal maneira. As lágrimas são reais, e escondidas. Os olhos vermelhos e inchados se recuperam logo, e estão todos ocupados para se preocupar com mais um velório.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;">.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;">.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;">.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;">.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;">.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;">.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;">-quando chorei, o céu já estava claro, o relógio silencioso e a água corria na pia da cozinha.</p><p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><br /></p><p class="MsoNormal" style="text-align: left;">-meu nome não é Níh;</p>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-66586526459640646992009-05-14T18:18:00.000-07:002009-05-15T18:33:07.050-07:00Sem Título 2<div align="justify">As crianças passavam despercebidas entre as vielas e becos da cidade abandonada. Em pequenos grupos rastejavam como ratos, escondidas nas sombras dos prédios vazios, cutucando latas de lixo a muito não usadas, se aproximando de velhas vendas destruídas. Caminhavam com dificuldade pelas ruas esburacadas e sinuosas, sem receber manutenção por muito tempo.<br />Os olhos pequenos e redondos rondavam o horizonte, esperançosos, quebrados pela vida e opacos pela morte, eles tentavam se agarrar a um resquício de esperança. Mas tal esperança não durava mais do que segundos. Ligeiramente eram capazes de perceber que o insucesso havia sido decidido para aquele dia, e tentavam prosseguir inutilmente única, e exclusivamente, devido a sua natureza humana.<br />De pés descalços e canelas finas, eles se revezavam na vigília. Sempre havia um deixado para trás, que deveria olhar por cima de seus ombros, fitando as ruelas vindas das entranhas da cidade, garantindo, assim, a segurança do grupo desnutrido.<br />No grupo de garotos havia uma única menina. Os cabelos compridos e embaraçados haviam sido enrolados e colocados para dentro do chapéu surrado que ela levava na cabeça, as roupas rasgadas, sujas e largas tornavam-na quase imperceptível. Misturava-se ao grupo com naturalidade, correndo com eles pela sujeira e pela imundice, tão cheia de vontade quanto os demais.<br />Por metros e metros, que chegavam a formar quilômetros, nenhum som era ouvido, exceto aqueles emitidos pelos próprios. As risadas inconseqüentes, as exclamações ansiosas, as frases mal estruturadas, raramente capazes de formar orações. Se conheciam e cuidavam um do outro, mas não eram apenas eles, sozinhos e abandonados. Havia os órfãos, mas todos tinham onde ficar. Em tempos como aquele, ninguém é deixado para trás, especialmente uma criança. A segurança, a perpetuação são mais importantes que a unidade familiar. E aqueles que perderam tudo e todos se uniram e formaram uma única família, uma única unidade. Alguns ali faziam parte daquilo. Não se envergonhavam, mas tampouco falavam disso. Crianças não falam dessas coisas. Elas se machucam, riem e morrem juntas, mas não conversam sobre essas coisas.<br />Cuidadosos, eles temiam atravessar a enorme avenida principal que criava uma fenda no meio da cidade abandonada, distante dos prédios e das casas destruídas. Sempre unidos junto a calçada, às vezes nas curtas paralelas, eles caminhavam de ombros curvados, paranóicos e amontoados. Quando um deles ordenou o silêncio do resto do grupo com um gestos, os ouvidos acostumados com berros e silêncio ouviram as risadas mais velhas vindas de não muito distantes. Como se fossem uma única criatura, eles se jogaram para dentro das sombras que uma casa formava com o que poderia ter sido uma padaria algum dia. Encolhiam-se ali, quase não respirando, tentando não ser percebidos.<br />Foi necessário pouco mais de dez minutos para que eles avistassem a fonte dos ruídos, e o conhecimento apenas os fez temer ainda mais. Unidos, um dos meninos segurou a mão da menina. Ela rezava sem voz, os lábios se movendo e os olhos fechados, segurando a mão dele com uma força avassaladora.<br />Um pequeno grupo de cerca de dez adolescentes surgiu do outro lado da avenida. Surrados, magros e descuidados, tanto quanto as crianças. Apenas rapazes formavam o grupo que tinha uma postura ameaçadora. As cabeças erguidas enquanto andavam pelas ruas de pedras soltas lhes davam a aparência de delinqüentes, o que trouxe ainda mais terror para a minúscula existência dos pequenos. Dentre os jovens, um destoava. Ele tinha a expressão séria, olhava com olhos estreitos para os lados, constantemente paranóico. Ele parecia não querer estar ali.<br />Atravessaram sem precisar de muito tempo as distâncias, passaram por onde as crianças estavam sem as notar. Desapareceram no horizonte, passando pelas vendas sucateadas e edifícios falecidos sem se deterem. Ou não tinham medo, ou tinham tanto que preferiam partir o mais rápido possível.<br />O sol brilhava no centro do céu azul, castigando a pele das crianças amedrontadas, ameaçando roubar-lhe o esconderijo nas sombras da manhã. Mas somente quando tiveram certeza de que os maiores estavam longe demais para vê-los ou ouvi-los é que saíram de seu esconderijo precário. Voltaram sem demora a perambular por entre as construções, apressando-se ao ver que o sol começava a perder altura, sempre no sentido oposto ao dos adolescentes. Pulavam nos parapeitos das janelas escancaradas, colocando as cabeças para dentro e grunhindo insatisfeito com o que viam, ou melhor, com o que não viam. Nada mais havia para ser resgatado, encontrado, comigo. Haviam realizado uma longa e inútil viagem pelas ruínas, não teriam lucro algum, nem mesmo um lucro miserável para levar de volta para seus barracos.<br />Descontentes e famintos, voltaram as costas par ao fracasso, e tomaram as pedras que os levariam par ao local de onde vieram. Mas desta vez eles não andavam sem se apressavam, corriam desesperados como pequenos foguetes feitos de ossos na direção das bordas da cidade, da periferia resgatada e lacrada, bloqueada contra os terrores da realidade. A periferia estava imunda como jamais havia estado, o cheiro de esgoto e morte subia no ar e manchas de sangue pintavam as casas lacradas. Era possível ouvir o murmúrio de vida humilhada por ali. Ao alcançarem aquele local, quando o sol estava próximo do crepúsculo, o grupo se separou. Espalharam-se entre as casas, despedindo-se com acenos casuais, apressados demais para dar atenção uns para os outros, haveria o dia seguinte para esse tipo de besteira adulta.<br />Entrando por frestas abertas propositalmente nas casas lacradas, eles invadiram a segurança. A garota foi a que de mais tempo necessitou, chegando a ver o céu ficar arroxeado, balançando os pés inquieta, os dedos agitados, o coração palpitante. Um tábua foi retirada na parte debaixo da porta diante da qual havia se prostrado, e pelo minúsculo buraco ela rastejou. Menos de três segundos depois de que já estava no interior da escuridão, a fresta foi lacrada novamente, com ainda mais força. O som de algo extremamente pesado sendo arrastado inundou o local e arranhou seus tímpanos.<br />Um par de braços rodearam a menina, livrando-a do chapéu e soltando os cabelos sujos e embaraçados. Os braços esqueléticos eram duros e desconfortáveis, mas a arrastaram para um canto da casa, onde lhe forçou a sentar, agarrada a dona dos braços. Os olhos pesados e exaustos começaram a cerrar-se, e, no silêncio, eles nada ouviram por longos e penosos minutos. Até que elas vieram.<br />Murros insuportáveis nas portas lacradas, fazendo madeira, pedra e metal rangerem penosamente. Insistentes e furiosos, o som dos murros contra as portas aumentava e soava sem medo e sem intervalos. Nenhuma palavra foi dita, nenhuma respiração mais alta executada. O silêncio reinava entre os habitantes do abrigo, encolhidos e aterrorizados demais para dizerem qualquer coisa que fosse. E enquanto os adultos tremiam na infelicidade, a criança, acostumada com o terror, e cansada demais para insistir, adormecia. Adormecera entre os braços esqueléticos, no meio dos berros de terror e agonia, sem saber se veria seus amigos no dia seguintes, sem saber se existiria no dia seguinte. O terror batia nas paredes, e repercutia no interior do barraco, mas lá ele não era capaz de entrar. A noite se arrastou no frio e no terror, a menina adormecida suspirando e encolhida, amedrontada com seus pesadelos reais.</div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right">“Mais difícil que entender porque sua girafa é vermelha e tem uma trompa, é entender porque a porca dele é preta com olhos de gato” - provérbio dos sonhadores. (walking in the air, 2a página - By Me)</div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#ffffff;">comentário da autora:</span></div><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#ffffff;">perdoe-me a demora, e a fraqueza deste segundo conto...A semana passada foi corrida, e esta, pobre. Semana que vem algo melhor virá. Tenho certeza disso.</span></div><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="font-size:78%;color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;"></span></div><div align="left">-meu nome não é Níh;</div>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-33972854963944907982009-04-28T17:30:00.000-07:002009-04-28T17:37:23.671-07:00Sem Título<div align="justify"><span style="font-family:georgia;">"A noite estava <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">úmida</span> e fria, e avançava sem distinção. As janelas estavam fechadas e lacradas, com tábuas de madeira e de metal. Gritos eram ouvidos do lado de fora da casa. Era uma casa simples, de apenas dois <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">cômodos</span>. Abrigava sem preconceito alguma uma família de quatro integrantes. Os pais estavam de mãos dadas, englobando os dois filhos em um abraço único, apertado e repleto de nervosismo. Os corpos amontoados estavam encostados em um dos cantos do quarto, o mais longe possível da porta de acesso, uma janela logo acima de suas cabeças. Escondiam-se atrás da cama simples de molas estragadas, que costumava receber as quatro pessoas da família todas as noites.<br />A mãe encontrava-se pálida, os lábios roxos e <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">trêmulos</span> murmuravam rezas indistintas e corridas, enquanto o desespero crescia na alma da mulher. O pai tinha uma expressão dura, séria, vendo o sofrimento de sua família, lidando com o próprio desespero, sem nenhuma opção prática para resolver o problema, ele se juntou a mãe na reza. A única solução que lhe havia restado. A filha mais velha tinha lágrimas frias de nervoso e medo escorrendo para fora dos olhos cerrados, o rosto oculto pelos longos cabelos que grudavam em seu rosto. O filho mais jovem encontrava-se encolhido, englobado pelos corpos mais desenvolvidos, apenas a cabeça escapando entre os braços e os ombros de seus parentes próximos. Ele olhava para a janela de maneira fixa, como se pudesse descobrir o que acontecia lá fora, porque tantos gritos, porque tanto medo; ninguém lhe havia explicado o que estava acontecendo.<br />Os gritos que ecoavam do lado de fora de casa, ora distantes, ora próximos, não cessaram nem diminuíram em momento algum da noite. Prosseguiam, no mesmo ritmo. Mas, apesar disso, o desespero dos pais aumentava, e seu abraço se intensificava. O <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">garotinho</span> teve que se encolher no emaranhado de braços e pernas, para impedir sua sufocação. Uma cortina de cabelos se formou entre ele e seu <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">objeto</span> de interesse e análise: a janela. Dentro da casa, nada era dito além das rezas dos pais. Quando a madrugada já havia avançado, e os olhos do menino começavam a pesar, a irmã também começou a rezar. Unindo-se aos pais, ela sussurrava as rezas decoradas com fé fervorosa. Como uma canção mórbida, as preces se erguiam no ar, rodopiando e cercando-os, tentando isolá-los do desespero crescente que se metia entre as frestas das janelas e portas, sendo inspirado pela família e contagiando-os.<br />Os olhos curiosos do garoto tentavam enxergar além dos cabelos da irmã e dos braços dos pais. Esticava o pescoço como o de uma girafa, tentando ir além do bloqueio humano que era feito ao seu redor. Horas fazendo tal tentativa, deixavam-no exausto, mas as rezas e a força com a qual seus pais abraçavam a ele e a sua irmã impediam-no de dormir. Na última das vezes que reuniu forças para esticar sua cabeça e desviar dos cabelos longos e volumosos da irmã, ele conseguiu ver um feixe de luz entrando sorrateiro por uma das minúsculas frestas das janelas rachadas.<br />Um som invadiu o aposento, e o abraço familiar se intensificou. Ele não conseguiu ver, mas pôde ouvir a porta sendo escancarada sem respeito ou medo, apenas um murro surdo, que resultou na porta se chocando contra a parede e permanecendo aberta.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="color:#000000;">.</span></div><div align="right"><span style="font-family:georgia;">-o que é? o que foi? o que será?</span></div><div align="right"><span style="font-family:georgia;"></span></div><div align="left"><span style="font-family:georgia;">-meu nome não é Níh;</span></div>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-8290454557469332620.post-40061911592644689992009-04-27T20:13:00.000-07:002009-04-28T14:47:30.055-07:00__Inauguração__<div><div style="text-align: right;">avançando indiscriminadamente...</div><div style="text-align: right;">sem pensar</div><div style="text-align: right;">sem sentir</div><div style="text-align: right;"><br /></div><div style="text-align: left;">-meu nome não é Níh;</div></div>Nínive Leikishttp://www.blogger.com/profile/13468693227977949085noreply@blogger.com0