domingo, 10 de janeiro de 2010

Desventuras de Tardes Tediosas - parte XI

Dois baldes de madeira fundos se encheram da carne e das batatas mal digeridas que haviam sido ingeridas por Sarah. A menina estava suada e mais branca do que nunca, os lábios roxos e as olheiras maiores do que antes. Segurava as bordas do baldes com o dedos fracos e tremia, fraca e com frio. Os olhos castanhos estavam fixos no interior do balde, e aquilo apenas lhe causava mais ânsia. O odor que aquilo exalava, e a cor, que estava deixando de ser marrom com pedaços amarelos para se transformar em um líquido somente amarelo, ralo e ardido, deixavam-na zonza. Diamantina estava agachada ao seu lado, enxugando o suor da testa com um pano não muito limpo. Estava ali há três horas e não aguentava mais, largou as mãos do balde e deixou o corpo cair para trás, deitando na grama que cercava a carroça-casa da mais velha.

-Melhor? - ela perguntou, olhando-a de cima.

Sarah olhou-a pelo canto do olho e assentiu, mais para despreocupá-la do que para informá-la da realidade. Ainda sentia o estômago instável e a cabeça pesada demais, mas algo lhe dizia que continuar a se queixar não ajudaria em nada. Diamantina se levantou e, pegando o balde cheio até mais da metade, caminhou até uma espécie de poço que havia junto a uma parede. Na verdade era um buraco feito na terra onde todo tipo de degeto era despejado. O cheiro que vinha de lá carregado pela brisa amena daquele lugar era capaz de revirar o interior da menina, que evitava pensar a respeito disso. Seus olhos mel estavam voltados para o céu escuro acima dela, pequenas estrelas pontilhadas por todos os lados, formando constelações e signos como se alguém estivesse pintando-as naquele instante. Eram tantas, brilhantes e opacas, grandes e diminutas, que a garota, desacostumado com céus estrelados, se perdeu dentre elas, sem saber como voltar.

-Levantando! - falou Diamantina, pegando-a pelos ombros e forçando-a a ficar em pé. - Ia te apresentar hoje, mas parece que não vai dar - falou, quase carregando-a para dentro da carroça. os pés de Sarah estavam fracos e se arrastavam pelo chão. - Descanse esta noite, amanhã teremos outra oportunidade.

Havia uma rede estendida na parte de fora do quarto de Diamantina, mas a mulher a colocou na própria cama. Tirou-lhe a saia e a camisa, sem que a menina resistisse, a fraqueza ainda estava impregnada nos músculos. Sem muita cerimônia a fez vestir uma camisola verde musgo de mangas compridas e extremamente comprida. A estranha veste de dormir mal tocava o corpo roliço e jovem de Sarah, e lhe deu um ar infantilizado. Seus olhos semi-cerrados viram Diamantina se encher de penduricalhos de todos os tipos e formatos e encaminhar-se para fora, checando-a uma última vez e sorrindo, já que a menina parecia ter adormecido.

Estava cansada e sonolenta, e, portanto, não demorou para que embarcasse em um sono pesado, mas conflituoso.





Estou aqui para pedir desculpas pela demora para postar algo novo. O ano virou e eu não atualizei o blog. Durante os dias da virada, admito que foi por pura farra da minha parte que me ausentei (eu viajei, portanto, não havia computador, tempo ou internet. ) No entanto, no dia 7 deste mês havia me proposto a atualizar o blog, mas algo realmente ruim aconteceu na minha família ( ninguém morreu, não se preocupem com isso ) e fiquei afastada do computador, além de estar incapaz de escrever. Mas hoje vim quebrar o jejum, e manter o ritmo.


-Meu nome não é Níh;