quarta-feira, 22 de julho de 2009

Desventuras de uma tarde tediosa - Parte III

Dois passos fizeram com que o metal frio tocasse sua testa, e arrepios involuntários espalhassem-se por seu corpo. Uma vez mais, engoliu de maneira dolorida a saliva que concentrava-se na boca fechada de lábios secos. Ele não parecia sentir dúvida alguma, enquanto ela definhava diante do medo e do terror. O rapaz atrás dele sorria, um sorriso de moleque satisfeito, como se tivesse feito uma armadilha para um coelho e ele estivesse a passos inquestionáveis de cair nela. Garotos podem ser cruéis. Queria falar alguma coisa. Explicar, se justificar. Pedir desculpar e salvar sua pele daquela situação. Mas não conseguiria fazê-lo. As palavras eram incapazes de se formar, e ela incapaz de proferi-las. não abaixou a cabeça, devido a paralisia do pânico. Mas seus olhos tentavam fixar-se nas folhar das árvores que formavam o plano de fundo, no entanto não havia concentração suficiente no mundo para desviar sua atenção do resultado iminente.

Minutos arrastaram-se, e uma fagulha de esperança surgiu. Uma minúscula fagulha que foi o suficiente. Quando as palavras começaram a emergir, algo cortou o avanço... Um som sublime arrancou a paz da floresta, e os pássaros afastaram-se grasnando e piando, desesperados...

...POW!...

Ela sentiu suas pernas tremerem e os braços despencarem ao lado de seu corpo, sem força. A cabeça ficou extremamente quente, enquanto o corpo todo estava gelado. Perdeu a força nos membros inferiores e sentiu o joelho chocar-se com as folhas mortas e úmidas.

Dizem que quando estamos diante da morte, podemos ver nossa vida passar diante de nossos olhos. Por um instante, ela viu o rosto de sua mãe, mas este não tardou a evaporar e abandoná-la naquela lugar estranho e absurdo. Um único pensamento flutuou em sua mente.

“Que vida mais sem graça foi essa...”







"Sim, devemos nos lembrar sempre disso. Mas a vida é trapaceira. Ela nos ilude e nos cega, e sempre esquecemos de sua irmã perpétua. Eu me esqueci, e, quando estiver feliz como eu estive, também esquecerá." - While your lips are still red: O Conto -by me




-Meu nome não é Níh;

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